A profunda crise vivida pelo Brasil oportuniza um capital sociopolítico: a constatação de que precisamos mudar. A sociedade discute medidas que transformem o anacronismo estatal num país moderno e eficiente como promotor do bem social, o qual deverá ser avaliado, controlado e acompanhado. É hora de fugir do dualismo ideológico entre Estado máximo ou mínimo. O tamanho do Estado é aquele que o qualifica para cumprir o papel de promotor do bem-estar social. Neste contexto, uma regra é fundamental: o Estado não deve ter empresas estatais atuando onde a iniciativa privada pode estar e prover. É reconhecida a desvantagem das empresas estatais quando comparadas à gestão e à eficiência das empresas privadas. Isso vale para todos os setores em que o Estado se intrometeu e concorreu com o ambiente privado.
O processo de investigação mostra que, além da corrupção, está escancarado o uso patrimonialista do Estado por afilhados de padrinhos políticos. Os designados são incapacitados para exercer funções qualificadas pela necessidade de conhecimento. Empresas estatais promovem benefícios internos incompatíveis com a realidade do mercado de trabalho. E esta ineficiência tem um imenso custo pago pela sociedade. Ora, cabe, então, perguntar: por que o Estado não foca no seu papel primário? Por que a sociedade continua alienada e deixando que minorias, com seus interesses particulares, subjuguem os interesses maiores da sociedade?
O RS apresenta, ainda, uma situação anacrônica: só pode privatizar as empresas estatais estaduais mediante plebiscito. Esta legislação ultrapassada precisa ser mudada e, para tanto, discutida. Faz-se necessário agilidade para conduzir o processo de privatização das empresas que não cabem no papel do Estado. Urge que se atenda à sociedade, e não ao patrimonialismo político conjugado com os interesses corporativos. Precisamos rediscutir o RS e levá-lo à modernidade para reverter a sua lamentável situação atual. Nossos deputados têm a missão superior de defender o Estado acima dos interesses de minorias, do patrimonialismo ou das demandas da próxima eleição. É a sociedade quem se manifesta e aponta que o modelo atual está esgotado por todo e qualquer aspecto que se analise. Para resgatar o papel do Estado como promotor do bem social, portanto, temos que conduzir, urgentemente, reformas modernizantes que consolidarão a nossa trajetória para o desenvolvimento sustentável.