O governo federal conseguiu dar uma pausa na turbulência política da semana ao anunciar ontem um pacote de medidas destinadas a aumentar a produtividade das empresas, desburocratizar procedimentos e estimular o nível de atividade e a geração de empregos. Embora sejam ações pontuais, representam um esforço pela implantação de uma agenda positiva e de distensão para o impasse político, agravado pelas delações de executivos da Odebrecht que envolvem ministros e lideranças da base parlamentar.
Anunciado pelo próprio presidente Michel Temer, que fez questão de destacar o apoio do Congresso na aprovação da PEC do teto de gastos públicos e na admissibilidade da reforma da Previdência, o "pacotinho" de desonerações, facilitação de acesso ao crédito e desburocratização dá fôlego para empresas, especialmente do setor imobiliário. De acordo com o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, o objetivo imediato desse conjunto de ações de estímulo à economia é desacelerar o crescimento do desemprego até que a retomada efetiva do crescimento provoque uma reversão na tendência verificada nos últimos meses.
Encarado num primeiro momento como artifício do governo para desviar o foco da crise política e dos números negativos da economia, o anúncio do governo foi defendido pelo ministro Meirelles como parte de um programa mais amplo que está sendo cuidadosamente elaborado pela área econômica. Independentemente de segundas intenções, o importante é que finalmente o governo Temer, que já completa sete meses entre a interinidade e a titularidade, apresenta à nação um conjunto de iniciativas práticas para reduzir o custo da produção e reativar a economia.
Os resultados é que dirão se o governo está apenas forçando uma agenda positiva ou se está no caminho certo.