O governo gaúcho detalhará amanhã as medidas do pacote de ajustes que encaminhará à Assembleia com o propósito de equilibrar as contas públicas. A proposta foi elaborada sob grande sigilo para evitar reações antecipadas, especialmente por parte dos servidores públicos que serão mais atingidos e que, como se sabe, possuem maior poder de mobilização e de influência sobre os parlamentares. De qualquer maneira, o conflito de interesses é inevitável: o governo precisa reduzir a máquina administrativa e os funcionários das autarquias e fundações que serão extintas não querem perder renda e empregos.
Como se resolve isso? Com diálogo, evidentemente. De parte do governo, o que se espera é um plano de contenção de gastos bem amarrado, com justificativas plausíveis para as medidas amargas e com metas claras para a sociedade. Espera-se que, no menor prazo possível, o Piratini possa voltar a honrar seus compromissos com os servidores e com os cidadãos, pagando em dia aqueles e oferecendo retorno em obras e serviços a estes. De parte dos parlamentares, o que se exige é uma discussão sensata das propostas apresentadas, com aperfeiçoamento de projetos, alternativas para o que for rejeitado e firmeza para o que precisa ser aprovado. Diante da situação calamitosa em que se encontra o Estado, não pode haver margem para demagogia e revanchismo político.
Quando aos servidores, o primeiro aspecto a considerar é que eles não podem ser demonizados nem responsabilizados sozinhos pela crise da administração pública. Mas também não podem mais se enganar, achando que o Estado dispõe de soluções mágicas para fazer o dinheiro aparecer. É compreensível que resistam às mudanças e que reivindiquem seus direitos, desde que não recorram à violência nem se voltem contra a sociedade.