Sob o recrudescimento da pressão popular, o Congresso tem nesta semana uma oportunidade importante de atenuar a desconfiança e a perda de credibilidade de seus integrantes. Depende de como se posicionar diante de votações que são cruciais para debelar as crises política e econômica que, combinadas, vêm impedindo o país de retomar o crescimento, empurrando as expectativas cada vez mais para a frente. Diante do agravamento das tensões no meio político, ampliado por fatos como a delação da Odebrecht e os que levaram à demissão do ministro Geddel Vieira Lima, é preciso que a sociedade se mantenha ainda mais atenta aos movimentos da política a partir de agora. É a forma de evitar surpresas de última hora, contrárias ao interesse coletivo.
Ao longo da semana, por exemplo, está prevista a votação em primeiro turno, no Senado, da PEC que limita os gastos da União pelos próximos 20 anos, considerada decisiva para o equilíbrio das contas públicas. A Câmara deve votar também o projeto de lei que estabelece um plano de auxílio aos Estados, mediante renegociação das dívidas. Estará na pauta ainda a reforma do modelo político-eleitoral que institui a chamada cláusula de barreira para partidos. E, na quinta-feira, o Senado irá receber o juiz Sergio Moro e procuradores do Ministério Público para debater o projeto que agrava as punições para abuso de autoridade. Tudo isso num momento em que a base aliada está em ebulição, devido à demissão do principal articulador entre o governo e o parlamento.
A sociedade mudou e não aceita mais certas práticas associadas ao setor público. Se quem foi eleito para representá-la não entender isso, a conta sobrará para todos. Não por acaso, tanto os grupos que se manifestaram contrários quanto os favoráveis ao recente processo de impeachment estão voltando às ruas com pautas que têm em comum a exigência de mais seriedade e ética.