A Chobani, marca de iogurte grego líder no mercado norte-americano, tem uma história fantástica. Fundada pelo turco Hamdi Ulukaya, cuja experiência na indústria de laticínios era próxima de zero, começou em uma planta da Kraft abandonada. O início foi de pura insegurança, mas muita visão: não havia dinheiro (apenas empréstimo do banco), nem funcionários (cinco, contando o fundador), nem executivos responsáveis por pesquisas astronômicas de mercado. "Eu não sabia o que os outros achavam que sabiam", é o que Hamdi fala. Em 10 anos, a empresa ultrapassou o faturamento de US$ 1 bilhão ao ano, tem duas fábricas, 2 mil funcionários e valor estimado em US$ 3 bilhões.
Mas a Chobani não chama atenção apenas pelos números que conquistou, mas também porque transporta seus valores para o centro do seu modelo de negócio – e pessoas é um deles. 10% dos lucros da empresa são destinados à filantropia; um terço dos operários da fábrica são refugiados; todos os funcionários, independente de gênero, recebem seis semanas de licença maternidade/paternidade pagas (apenas 3% das empresas nos EUA fazem isso!). Recentemente, todos os colaboradores receberam a notícia de que 10% das ações da empresa seriam doadas para todos eles. E o melhor: apesar de agradecidos e emocionados, os funcionários não ficaram surpresos com a decisão, porque eles sabem que isso faz parte da filosofia da empresa.
E o custo de tudo isso? "Não é custo, é investimento", é o que Hamdi fala. Se colocar todas estas decisões em números, o retorno é maior. Colaboradores satisfeitos e mais dedicados, consumidores fiéis a uma marca que faz muito mais do que apenas gerar riqueza e, mais importante, a consciência de que ele está fazendo o melhor que pode. O que leva o CEO a tomar essas decisões é encarar a vida de forma humilde e pela perspectiva dos outros. "Como é que eu posso estar ciente da condição de vida dos refugiados pelo mundo e não fazer nada em relação a isso?" "Como é que eu posso ter um filho, passar pelo drama das noitadas sem dormir, e não dar o direito do descanso para as pessoas que trabalham comigo?"
Tudo pode ser muito simples: vamos construir negócios da maneira certa – a melhor maneira – e fazer dos nossos negócios algo bom para as pessoas. A questão não é "quão grande é o seu quintal, mas quão grande é o seu coração". Essa história me foi contada pela minha filha Lissa Fedrizzi, que trabalha com design estratégico em NY. Achei linda e inspiradora para empresários brasileiros e pedi para ela escrever.