O ataque frontal à democracia engendrado em 2016 no Brasil por uma articulação reunindo uma maioria parlamentar, setores do Judiciário, do empresariado e da mídia, constitui um golpe que se consolida com o brutal retrocesso dos direitos sociais e trabalhistas, também presentes no congelamento de investimentos sociais da PEC 241, tendo sua repercussão neoliberal apequenada no RS, com o desenho de medidas privatistas de Sartori.
Mas, sobretudo, o golpe se estabelece com o entreguismo contemplando os interesses do capital financeiro internacional, notadamente com a entrega do pré-sal à exploração estrangeira e a volta à dependência técnico- científico do país.
No nosso livro "É golpe, sim! – Terceiro turno sem urnas, o ataque aos direitos sociais e o entreguismo", nos empenhamos na obrigatória documentação histórica do golpismo que levou ao impeachment, sem crime de responsabilidade, da presidenta legítima eleita por mais de 54 milhões de votos, gerando uma caricata democracia de exceção, violada sistematicamente pela seletividade jurídico policial de investigações, acusações, delações e punições.
As ações e sua forma de realização desmentem, rapidamente, o apregoado "combate à corrupção" do tilintar de panelas convenientemente silenciado com a ilegitimidade coroada pela usurpação interina sem voto. Transformando-se também numa estratégia de criminalizar a política e, por decorrência, os movimentos sociais.
Mas, especialmente, querendo apagar do mapa político brasileiro quem inaugurou governos de inversão de prioridades e começou a quitar a dívida secular da desigualdade social e de renda do povo, desafiando os interesses dos poderosos e das elites e desnorteando a própria razão de ser de uma oposição subalterna e sem projeto para a maioria.
Ao alvejar o Estado Constitucional de Direito acertam, de morte, a própria democracia e autorizam, assim, tempos de convívio acrítico, descortinando uma nova época de subordinação e conformismo, fazendo sucumbir qualquer possibilidade de projeto de um Estado-Nação.