Questão que ajuda a explicar o histórico baixo crescimento brasileiro é a insuficiente taxa de investimento, das menores entre os países da América do Sul e Central, fruto também da expansão de uma carga tributária direcionada, basicamente, a despesas de custeio.
É comum os analistas dizerem no mercado que os níveis de investimento privado são semelhantes a países comparáveis, porém, o público, que o deveria complementar, é insuficiente.
A estratégia do atual governo conta com uma ampliação dos investimentos, em que a infraestrutura é foco e um programa de concessões e privatizações faz parte do modelo. Mais, na medida em que os índices de confiança forem sendo restabelecidos, o empresariado em geral também deve retomar uma gradual ampliação de sua capacidade instalada.
A demanda por novos investimentos, independentemente de sua natureza, vai se defrontar com o problema histórico de seu financiamento. As elevadas taxas de juros brasileiras, oficiais e de mercado, não representam alternativa adequada para financiamentos de longo prazo, pois seus custos são incompatíveis ou dificultam o retorno de qualquer investimento ou o encarecem.
O governo anterior apostou em uma alternativa heterodoxa ao tomar recursos no mercado emitindo títulos da dívida ao custo de Selic e repassá-los ao BNDES para o financiamento do investimento, totalizando, hoje, R$ 524 bilhões, algo como 18% da dívida pública e 9% do PIB. Ao mesmo tempo, aumentou sua despesa, na medida em que subsidia esses empréstimos, cobrindo a diferença entre a taxa cobrada pelo banco, que pode chegar a 2,5% ao ano em algumas linhas e seu custo, hoje superior a 14% anuais.
Em junho, o BNDES possuía uma carteira de crédito de R$ 645 bilhões, com os repasses do Tesouro Federal representando cerca de 80% de seus empréstimos.
Os setores como eletricidade e gás, petróleo e combustível e transporte terrestre absorvem cerca de 37% dos financiamentos do banco, além de outros direcionamentos a diversas áreas voltadas à infraestrutura.
Esse modelo, além de pressionar a dívida pública e a despesa com o subsídio dos juros, já está esgotado e não foi e nem será suficiente para elevar a taxa de investimento brasileiro. Nas condições atuais, a estruturação de operações em mercado aos juros praticados no Brasil inviabiliza o financiamento, pois eleva o custo de capital e dificulta o retorno dos investimentos. Nas taxas de juros projetadas pelo mercado para os próximos anos persiste a tendência de juros reais elevados, o que tende a manter essa dificuldade para a retomada do investimento.