As manifestações que aconteceram nas principais capitais nos últimos dias, tendo à frente os movimentos sociais e populares, pedindo a saída de Michel Temer atestam que a crise está longe de terminar. Talvez tenhamos aí o início de uma primavera brasileira por democracia, eleições diretas para presidente e contra as reformas previdenciária e trabalhista que o governo pretende aplicar.
Se a voz das ruas e das mídias sociais ampliar a mobilização, fazendo o bom combate de ideias, levando até a opinião pública a verdadeira síntese do que foi a saída de Dilma Rousseff, poderemos assistir a um levante não só de resistência, mas de transformações sociais, políticas e econômicas.
A democracia foi golpeada no seu cerne com o único objetivo de sufocar os sonhos e as esperanças de mais de 54 milhões de cidadãos que, livremente e democraticamente, há 13 anos vinham mantendo pelas urnas um projeto para o país.
O que surpreende é que esta maioria eventual no Senado, oportunista e irresponsável, cassou o mandato da presidenta e, num segundo momento, já divididos e constrangidos, mantiveram seus direitos políticos. Ou seja, contraditoriamente, Dilma foi cassada e absolvida. Isso prova que estávamos certos.
As reformas que o governo Temer está apregoando constam no documento Uma ponte para o futuro, amplamente divulgado ano passado. Elas vão atingir a vida de milhões de trabalhadores, do campo e da cidade, donas de casa, estudantes, pequenos empreendedores, servidores públicos e aposentados e pensionistas. Não é com a retirada de conquistas da nossa gente que o país vai encontrar o rumo do crescimento e do desenvolvimento.
O Brasil necessita reavivar o movimento iniciado por mim e pelos senadores João Capiberibe, Walter Pinheiro, Randolfe Rodrigues, Lídice da Mata e Roberto Requião em abril deste ano que pedia a antecipação das eleições presidenciais (PEC 20/2016). Posteriormente, é fundamental a realização de uma assembleia revisional com o objetivo de reformar o sistema político, eleitoral e partidário (PEC 15/2016).
A enorme crise que está posta só será solucionada com o povo nas ruas, ordeiramente, sem aceitar provocações, transformando o nosso país, de sul a norte, numa bela e democrática primavera brasileira. Portanto, não há alternativa para evitar a sangria e a fragmentação do país: Diretas já!! Eleições já!! Como disse Ulisses Guimarães: "É preciso estar com a rua, e não somente na rua".