Nosso país passa por um momento muito delicado. A economia atravessa uma das mais longas recessões da história e milhões estão desempregados. Na política, a irresponsabilidade na gestão do Estado levou à instauração de um processo de impedimento da presidente, que será decidido nos próximos dias, com todos os indícios de que o governo interino será convertido em definitivo. A crise financeira dos Estados agrava ainda mais o quadro, com a população sofrendo pela falta dos serviços mais básicos, como a segurança. Como se não bastasse, o país ainda enfrenta zika, dengue e afins.
No cenário em que vivemos, é difícil pensar em um termo melhor para definir os Jogos Olímpicos do Rio do que "extemporâneos". O período não só está longe de ser o ideal, como é absolutamente inadequado, atraindo os olhos do mundo para a fragilidade do que podemos apresentar. Dois anos após a Copa do Mundo, que legou obras inacabáveis, estádios sem uso e um resultado inesquecível e simbólico, a nossa boa-vontade está castigada para eventos assim.
Como em tudo, existe um lado positivo que deve ser aproveitado. Reza a lenda que a Olimpíada tinha a força de impor uma trégua entre os participantes, inclusive com a suspensão de guerras e hostilidades. Verdade ou não, o fato é que pela história sempre foi uma forma de, mais do que o esporte em si, exaltar os valores de superação, mérito e fair play que os atletas devem observar.
Ao final dos Jogos, com as distrações de lado e foco no que precisa ser feito, talvez possamos nos valer dessas lições para finalmente iniciarmos um novo ciclo, dando fim às incertezas e mostrando que podemos, sim, construir um país melhor.