A recente ascensão e queda das políticas populistas sul-americanas trouxeram de volta o embate a respeito da utilidade da adoção de políticas mais concernentes aos preceitos ditos "neoliberais". No pano de fundo da questão, nem sempre devidamente observado pelas partes, está a vetusta discussão acerca do equilíbrio ideal entre liberdade e igualdade.
Meio à contramão do que parece ser o crescimento mundial dos movimentos de rejeição às políticas de liberalismo econômico, implementadas a partir dos anos 70, os "neoneoliberais" do Brasil pugnam por um Estado com liberdade total aos capitais, em especial os especulativos. Por trás disto, a diminuição da dívida pública em prol da manutenção do pagamento das maiores margens de juros do mundo.
O problema da literal inspiração nestas práticas é a alta margem de erro quando aplicadas em países ainda em desenvolvimento, entre outros, porque sequer alcançamos índices de igualdade aceitáveis, considerando-nos uma das 10 maiores economias, mas entre os piores níveis de distribuição de renda do mundo.
Ou seja, sob o fracasso de políticas falsamente igualitárias (próximas do populismo), propõe-se uma política de austeridades, retiradas de direitos e privatizações, antes aplicadas, mas que também fracassaram na realização das mudanças prometidas. Ao contrário, em relação à dívida pública e corrupção política, por exemplo, nada é novidade para atentos observadores da nossa história.
Por outro lado, os dois principais responsáveis por esse movimento de "neoliberalismo" econômico no mundo desenvolvido, Inglaterra e USA, hoje apresentam manifestações, cada vez mais claras, de que a balança começa a pender para outro lado.
Como exemplo, a grande repercussão da campanha de Bernie Sanders denunciando os malefícios do sistema financeiro, e arregimentando boa parcela da camada jovem americana, já ciente de que não herdará condições tão favoráveis para viver o sonho americano, na "terra da liberdade" de seus pais.
Ainda, e ao contrário das repercussões negativas que apontam uma vitória da xenofobia no plebiscito no Reino Unido, muitos especialistas viram nisto uma rejeição dos ingleses (onde Brexit venceu) às políticas econômicas que, empunhando a bandeira do comunitarismo, desconsideram as fronteiras entre Estados soberanos.
Assim, impende debatermos mais racionalmente os rumos a tomar dentro deste cenário globalizado.