Especialistas em economia e finanças públicas reconhecem que o presidente interino Michel Temer conseguiu formar a melhor equipe econômica disponível no país, liderada pelo ministro Henrique Meirelles e tendo no comando dos principais postos lideranças reconhecidas pelo mercado. A escolha de técnicos qualificados, que conhecem a urgência dos problemas, é um passo importante para normalizar a caótica situação econômica do país. Ainda assim, o grande desafio para a implementação das medidas urgentes e necessárias passa a ser agora a articulação política. Sem a compreensão e o apoio do Congresso, nada anda. Resta esperar que o novo governo utilize seu capital político de início de administração para movimentar a máquina legislativa.
É promissor que, entre os integrantes da nova equipe, incluindo o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, predomine o perfil fiscalista, com ênfase na preocupação com a dívida pública. Depois de ter sido submetido a experiências desastrosas como a chamada "contabilidade criativa", o setor público está hoje diante de um déficit que, de uma previsão já elevada de R$ 96 bilhões, pode alcançar até R$ 150 bilhões nas estimativas de integrantes do novo governo.
Um desequilíbrio nas contas públicas como o atual precisa ser enfrentado com a competência da nova equipe econômica e com negociações firmes no Congresso. Infelizmente, o talento exibido no comando da economia não se reproduz em outras áreas, incluindo as que precisarão negociar com o parlamento a aprovação de medidas duras, mas necessárias. Esse é o desafio central, pois não há mais margens para o país continuar errando.