Quando fomos às ruas em 1º de novembro de 2014, usamos pela primeira vez a palavra "impeachment". Nossa luta começava com algumas poucas pessoas que não concordavam com uma série de atos e fatos que mostravam o desastre que seria o quarto governo petista no Brasil. Corrupção, estado imenso, incapacidade de resolver os problemas e uma divisão cada vez maior entre os brasileiros. O projeto bolivariano do PT estava em fase final de implantação.
Passaram os meses e a equipe do juiz Sérgio Moro mostrou na Lava Jato que tínhamos razão quando chamávamos o governo e seu partido de corrupto. Zé Dirceu preso, tesoureiros e marqueteiros presos. O PT finalmente teve sua má índole escancarada para todo mundo ver. Fizemos as maiores manifestações da história do Brasil. Cantávamos contra Dilma, mas também contra Cunha, Renan Calheiros e todos os corruptos do Congresso.
Caminhamos até Brasília, acampamos na esplanada. Pressionamos os congressistas e, finalmente, o presidente da Câmara acatou um dos vários pedidos de impeachment que aguardavam na sua gaveta.
Passamos a trabalhar cada um dos deputados individualmente: ligações, e-mails, posts, vigílias. Fizemos o "Muro da Vergonha". Revertemos votos, proporcionamos momentos constrangedores aos que, a despeito de todas as provas que pipocavam, seguiam defendendo o governo.
No último dia 12 de maio todo o nosso esforço foi recompensado. Tendo cumprido toda a liturgia definida pelo Supremo Tribunal Federal, garantido todo o direito de defesa aos acusados, era aprovado (por maioria absoluta) o afastamento da presidente petista Dilma Rousseff.
E aqui chegamos ao ponto: depois de tudo isso, vamos permitir que o novo governo provisório de Michel Temer mantenha o velho fisiologismo político montando um ministério onde temos dois investigados pela Lava Jato? Obviamente que não. Não somos seletivos. Lutamos por um Brasil melhor, com menos desigualdades, mais liberdade. Que a lei seja aplicada a todos que utilizarem mal os recursos públicos, independentemente de partido.
Presidente Michel Temer, não votamos no senhor, estamos atentos, prontos para voltar às ruas. Não nos subestime.