CORREÇÃO: As contribuições para a Previdência tiveram um aumento de 3% entre 2014 e 2015, e não uma redução, como foi publicado no editorial da página 26 da edição de segunda-feira, dia 30.
A reação de contrariedade de centrais sindicais à reforma da Previdência do setor privado – incluindo uma série de manifestações programadas para esta semana – é previsível diante do tom emocional com o qual o tema costuma ser tratado. Ainda assim, até mesmo sindicalistas contrários a mudanças não têm como negar a gravidade dos números que, na hipótese de nada ser feito, tornam a situação ainda mais delicada, colocando sob ameaça o futuro imediato de quem já está aposentado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ou em período de contribuição.
Os dados são incontestáveis. Só entre 2014 e 2015, os desembolsos do setor previdenciário aumentaram 10%, enquanto as contribuições cresceram 3%. Se nada for feito para deter esse descompasso entre receitas e dispêndios, já em 2019 o passivo pode alcançar R$ 200 bilhões. É um montante suficiente, por si só, para colocar em risco a viabilidade do próprio sistema, situação que nenhum país minimamente preocupado com a seriedade fiscal e com o futuro da população pode admitir.
Evitar que o sistema previdenciário se inviabilize não é uma questão de responsabilidade apenas do governo e de parlamentares, mas de todos os brasileiros. Diante da gravidade a que o setor foi levado por constantes omissões de quem não admite se desgastar perante os eleitores, não haverá saídas fáceis e sem ônus para os trabalhadores. Ainda assim, neste ou em qualquer outro governo, o custo para a sociedade vai depender da demora para esse desafio ser enfrentado. Evidentemente, urgência não significa imposição ou ausência de diálogo.