DIZA GONZAGA
Presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga
Confesso, que ao ler as inúmeras mensagens que tenho recebido fazendo referência à crônica de Rosane de Oliveira "Carta para você, Thiago Brentano", sobre o “crime de trânsito” que aconteceu no Parcão e que chocou a todos que valorizam e preservam a vida, pensei em responder a cada uma e até mesmo escrever sobre este trágico acontecimento.
Mas, neste momento, fico quase paralisada pensando o quanto gostaria que meu jovem e amado filho Thiago tivesse tido mais uma chance, e hoje estivesse aqui, junto com a gente.
Impossível não pensar que este Thiago, à época do acidente que tirou a vida do meu filho, tinha assim como ele, seus 18 anos... Então, com certeza ouviu, viu e acompanhou o nascer desta Fundação que leva uma parte de seu nome.
Não posso acreditar que em nenhum momento ele não tenha sido abordado pelos nossos milhares de jovens voluntários nas Madrugadas Vivas, nas festas, nas escolas, nas universidades, nos parques, ou nas praias durante o verão.
O que faz um jovem que teve a sorte de viver em tempos onde conquistamos tanto por nossa segurança no trânsito, como a obrigatoriedade do cinto de segurança, a Lei da Vida (que chamam de Lei Seca), a cadeirinha para nossas crianças, e principalmente, a consciência que já faz parte da vida de milhares de jovens e adultos que não precisaram passar pela dor de perder um amigo, um irmão, um pai, agir com tamanha irresponsabilidade, contra a sua vida e a de outras pessoas?
Thiago Brentano, teu crime não tem perdão! Tiveste a chance que muitos Thiagos, Rodrigos, Fernandas, não tiveram. Poderias já ter aprendido sem precisar causar dor ao Thomaz, à Rafaela e aos seus familiares.
Nossa cidade, nosso Estado, nosso país, todos nós não aguentamos mais tanta violência, tanta impunidade no trânsito. É preciso, com urgência, que este país deixe de ser o país do jeitinho, da impunidade, um país onde quem tem mais condições consegue se livrar ou burlar a Lei.
Senhores juízes, desembargadores, não permitam que centenas de pais continuem correndo o risco de receber seus filhos em caixões fechados.
Basta de impunidade!