Mais que preocupante, é inaceitável a falta de um mínimo de articulação entre competências de âmbito federal e estadual, que impuseram maior rigor legal contra desmanches irregulares, e a fiscalização em âmbito municipal. No caso de Porto Alegre, onde a atividade, muitas vezes, ocorre de forma ilegal, a falta de sintonia é visível inclusive entre organismos da prefeitura, que alegam questões burocráticas e falta de estrutura para exigir o cumprimento da lei. Algumas providências, que deveriam ter sido tomadas há pelo menos seis meses, agora precisarão ser colocadas em prática às pressas, o que sempre dá margem à improvisação.
Sem ações imediatas e articuladas, dificilmente o Estado conseguirá reverter os níveis de criminalidade registrados hoje. Em boa parte, a violência atípica enfrentada pelos gaúchos está associada justamente à venda ilegal de autopeças. Esse comércio, que em muitos casos chega a ocupar áreas públicas locadas por valores inferiores aos de mercado, é frequentemente abastecido pelo furto e roubo de veículos. A falta de ação oficial mantém a vida de cidadãos em permanente risco, além de impor pesados prejuízos financeiros às vítimas.
Nenhuma lei, por mais rigorosa que seja, é capaz de cumprir com seus objetivos se a sua aplicação prática não for fiscalizada com determinação e de forma permanente. Agora que há meios adequados para punir, é preciso que os órgãos municipais façam sua parte - a começar pela Capital, onde a criminalidade associada ao narcotráfico e ao furto e roubo de veículos enfrenta níveis alarmantes.