E chegou a vez de Porto Alegre vivenciar o cúmulo do absurdo, em termos de criminalidade. Como se estivessem nas ruas de Homs ou Aleppo, na Síria, sujeitos armados de fuzis, metralhadoras e pistolas trocaram tiros à luz do dia, em plena rua, correndo entre prédios e se emboscando. Cena de filme trash, só que não.
E não era uma rua qualquer. É um dos cartões-postais de Porto Alegre, um tanto degradado nos tempos atuais, mas ainda assim um símbolo: o alto do Morro Santa Tereza. Um lugar que sempre foi valorizado por permitir aos moradores e visitantes assistir, do alto, ao tão decantado pôr do sol no Guaíba. Quando cheguei à Capital, em 1980, ainda era comum junção de carros com namorados ali, para olharem a romântica paisagem.
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Pois a guerra que opõe há meses facções criminais abrigadas no Presídio Central transbordou para as ruas e virou conflito sem quartel. A maior parte dos combates é travada na Vila Jardim, na Bom Jesus, na Conceição, na Vila Farrapos, no Santa Tereza. Mas como emboscada não tem hora e local para acontecer, soldados e líderes do crime têm sido mortos muito longe dos seus bunker. Tempos atrás foi no cruzamento das avenidas Farrapos e Ramiro Barcelos, dentro de um ônibus, pela manhã. Dias atrás, na Avenida Borges de Medeiros, também num coletivo. Sexta-feira, em frente aos prédios que concentram a maior parte das TVs e rádios de Porto Alegre.
Sei que as vilas vivem há muito essa violência que agora começa a ser constante nas áreas centrais. Mas, convenhamos, algo de muito errado acontece quando criminosos decidem que qualquer lugar serve para seus acertos de contas. Foi assim em Chicago, nos anos 1930. Foi assim no Rio de Janeiro, até os anos 2000. Será que vão parar quando o tiroteio for em frente à Assembleia, ao Palácio do Governo, à sede da BM? Ou nem assim?
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