A tormenta que atingiu vários bairros de Porto Alegre e provocou transtornos em outras áreas da Região Metropolitana deixa lições que precisam ser assimiladas pelo poder público e pela sociedade. A primeira delas é a evidência de que, mesmo descontando-se a raridade e a violência do fenômeno, a infraestrutura de serviços básicos da Capital tem de ser revisada para que a população conte com alternativas de fornecimento de água e luz quando as redes de abastecimento são afetadas.
Ninguém ignora que a rede elétrica de Porto Alegre é precária, os fios estão amontoados, muitos postes são antigos e estão sobrecarregados, e a manutenção não é feita com a frequência desejada. Também não parece sensato que as estações de bombeamento de água sejam tão dependentes da rede elétrica, sem contar com geradores que permitam o funcionamento temporário em caso de emergência.
Cabe reconhecer que as autoridades responsáveis pelos serviços básicos e pela Defesa Civil agiram com presteza e organização, tanto na mobilização das equipes de socorro quanto na prestação de informações à população. Na ausência do prefeito José Fortunati, em viagem, o vice-prefeito Sebastião Melo desempenhou satisfatoriamente o exercício do cargo, colocando-se na linha de frente do mutirão formado para atenuar o sofrimento dos cidadãos e restaurar a cidade.
Mas, tão logo a cidade volte à normalidade, é impositivo investir na prevenção e nos cuidados com equipamentos e instalações mais sensíveis, como, por exemplo, hospitais e postos de saúde. Também está na hora de se pensar na substituição gradativa da rede elétrica aérea por cabos subterrâneos, mais dispendiosos, mas também mais resistentes a intempéries. O decreto de Situação de Emergência, assinado ontem pela prefeitura de Porto Alegre para agilizar a compra de máquinas e a contratação de pessoal, é oportuno, mas também evidencia um velho ensinamento: remediar custa mais do que prevenir.