O Ministério da Defesa está preparado para contribuir no combate a uma ameaça à saúde pública no Brasil. Desta vez, o inimigo é tão minúsculo (mede meio centímetro) quanto sorrateiro (sua aproximação é imperceptível ao ouvido humano). De hábitos diurnos e voando ao rés do chão, o macho é vegetariano, mas a fêmea da espécie alimenta-se de sangue e ao picar suas vítimas pode transmitir quatro doenças, duas velhas conhecidas, dengue e febre amarela, e duas de surto mais recente, chikungunya e zika. Conhecido desde que aportou no Brasil a bordo dos navios negreiros, o mosquito Aedes aegypti tornou-se uma praga de asas cujo extermínio suscita uma operação militar de grande porte.
O Ministério da Defesa foi escalado pela presidenta Dilma Rousseff para fazer essa varredura sanitária. Se já estavam nas ruas de muitas cidades, os militares agora estão estendendo a frente de batalha a todo o território nacional, verificando locais onde há ou possa haver a ocorrência de larvas do Aedes. Já na sexta-feira, 29, a caserna deu o exemplo, promovendo uma faxina nas 1.200 unidades da Marinha, Exército e Aeronáutica.
A seguir, virão as etapas de mobilização da população, atuação direta no combate ao mosquito e trabalho de conscientização em unidades de ensino. A partir de 13 de fevereiro, a guerra ao Aedes envolverá o maior contingente já mobilizado na história das Forças Armadas: nada menos de 220 mil militares, homens e mulheres (160 mil do Exército, 30 mil da Marinha e 30 mil da Força Aérea). Eles vão à guerra da higiene em 356 municípios, incluindo as capitais e 115 cidades onde o mosquito é endêmico.
Pelos padrões militares, o enfrentamento ao mosquito segue o manual de combate à guerrilha: sufocar o inimigo e impedir sua reprodução. Como em toda guerra, esta será travada com a convicção da vitória, pois é a população do Brasil que está sob ameaça de um inimigo caviloso. Ao final, os militares terão ajudado o país a fincar a bandeira de profilaxia e da saúde na imensidão do território nacional.