São compreensíveis as expectativas de quem espera sinais concretos de alternativas para os grandes impasses mundiais, a partir dos debates de dois importantes fóruns que se realizaram, ao mesmo tempo, até este sábado. Mesmo que não tenham a pretensão de serem deliberativos, o Fórum Econômico Mundial e o evento que se apresenta como contraponto desde 2000, o Fórum Social Mundial, atraíram mais uma vez as atenções globais como eventos propagadores de ideias.
O desafio que voltou a ser proposto aos dois encontros é o mesmo enfrentado rotineiramente pelas pessoas, em suas atividades cotidianas, em todas as áreas. O que o mundo quer saber é como a resolução de questões econômicas pode contribuir para o encaminhamento de melhorias sociais, em especial em lugares onde a vida vem sendo degradada pelos mais variados motivos. Os dois fóruns ocorreram num dos momentos mais conturbados da humanidade, com pelo menos sete anos de economia em crise, com a intensificação das migrações e, mais recentemente, com o novo choque da queda abrupta dos preços do petróleo.
O mundo que ainda não sabe como resolver seus problemas econômicos é o mesmo que se defronta com déficits sociais agravados, como foi lembrado em Davos e em Porto Alegre, não só por conflitos, mas pelo aumento da concentração de renda. É uma realidade a ser encarada, ou todas as demais tentativas de reduzir desigualdades serão incompletas. Somam-se às circunstâncias comuns a muitos países as peculiaridades regionais, como a brasileira, em que avanços importantes das últimas décadas foram praticamente consumidos por equívocos cometidos pelo governo.
Por isso mesmo, é de se lamentar a ausência da presidente Dilma Rousseff no evento na Suíça, onde líderes mundiais compartilham preocupações e saídas para estagnação, ambiente, pobreza e outras grandes questões das democracias. Fez bem o novo presidente argentino, Mauricio Macri, que pôde desfrutar as atenções de outros colegas e de investidores, ao oferecer sinais claros de que seu país pode recuperar a confiança internacional.
A resposta para a dúvida sempre presente sobre os resultados concretos dos dois encontros é a de que o propósito dos fóruns é oferecer o debate como inspiração aos que pretendem buscar caminhos criativos a um modelo econômico enredado em seus impasses globais. O dado positivo é que há disposição para que encontros como esses deixem de expressar os extremos de posições conflitantes e passem a identificar os pontos em que possam ser convergentes. O debate que continua e se amplifica é o melhor resultado dos dois fóruns.