Perto do déficit do setor público gaúcho, de R$ 2,7 bilhões em 2015, a economia registrada de janeiro a novembro do ano passado nas despesas dos três poderes, mais Ministério Público e Tribunal de Contas, só pode ser vista como irrisória. A grande vantagem, além do efeito moralizador, é a de indicar que há margem para cortes - e que, portanto, é possível fazer mais em termos de rigor fiscal.
Os maiores ganhos nesse balanço parcial foram com passagens e locomoção de funcionários, de R$ 12,8 milhões. Como a economia maior foi no Executivo, que está com gastos contingenciados desde o início do ano passado, o resultado deve servir de inspiração para os demais poderes, que precisam ousar mais nos cortes. Muitos dispêndios incorporados à rotina burocrática já não fazem hoje mais qualquer sentido, particularmente num ambiente de crise.
Ainda que não se prestem para demagogias, nem devam suscitar resistências, ganhos modestos - com pouca influência no déficit nas contas, o real problema do Estado - têm um efeito pedagógico que não pode ser desconsiderado. Por isso, é importante que inspirem outros poderes e órgãos, pois não podem se concentrar mais no Executivo, normalmente o mais cobrado a gastar menos.
Outras unidades da federação, além do Rio Grande do Sul, também vêm demonstrando que é possível conter e reduzir gastos. Ganham os contribuintes, e os resultados reforçam as razões para maior apoio a medidas de austeridade.