O Brasil conseguiu avançar nas políticas educacionais nos últimos 10 anos, ampliando o percentual de matriculados nas escolas de 89,5% em 2005 para 93,6% em 2014, conforme levantamento recém divulgado pela ONG Todos pela Educação. E, mesmo assim, ainda há hoje 2,8 milhões de alunos na faixa entre quatro e 17 anos fora da escola. O agravante é que, justamente quem mais precisa de acesso ao ensino, como forma de se qualificar para o mercado e de ascender socialmente, é quem mais está fora da escola. Em consequência, consolida-se uma desigualdade educacional que precisa se constituir no foco das ações oficiais nessa área.
Por exigência da emenda constitucional número 59, de 2009, que definiu a obrigatoriedade do atendimento também às crianças em fase pré-escolar, o país conseguiu levar mais gente para a sala de aula nos últimos anos. Isso fez com que, no Sul, Santa Catarina conseguisse elevar ainda mais sua taxa de atendimento na faixa de quatro a cinco anos, que foi a 89,9%. O Rio Grande do Sul registrou um salto, mas o percentual ainda se limita a 80,1%.
A questão é que, enquanto conseguiu garantir mais gente de menos idade na escola, o país tem dificuldade para motivar mais os adolescentes para o estudo. Em âmbito nacional, nada menos de 17,4% dos jovens entre 15 e 17 anos estão fora da escola, por razões que incluem a reprovação e o abandono dos estudos.
Em consequência, o Brasil não alcançará neste ano a pretendida universalização no atendimento na faixa entre quatro e 17 anos, o que é preocupante. O país precisa persistir nas ações para que todo jovem brasileiro em idade escolar fique em sala de aula, evitando agravar ainda mais as disparidades nessa área.