O ritmo de Lauro Quadros é de quem participa de gincana. Conversa em pé com o tronco de lado, como se fosse disparar a qualquer momento. Nunca ninguém viu Lauro recostado no balcão de um bar da RBS tomando um cafezinho. Lauro está sempre de passagem. Diz uma frase, espera a resposta e se vai.
Quase nunca usa o direito da tréplica. Qualquer encontro com Lauro é um flash, se não tiver sido muito bem programado. Dizem que o Lauro viaja em pé nos aviões, que vê TV de soslaio em casa e almoça com o prato na mão. São exageros.
Lauro é visto, em dias chuvosos, andando de um lado pra outro em shoppings. Todos os dias, faz seis quilômetros em uma hora e cinco minutos, em ritmo de marcha militar. Mas não tente parar Lauro Quadros.
Esse Lauro em moto contínuo está em Olha, Gente! (Age Editora, 94 páginas). São histórias curtas, rápidas, como se o narrador estivesse largando os causos, na cruzada, durante uma caminhada (ele pede autorização aos gerentes dos shoppings para andar pelos corredores, porque, imagina-se, teme um dia ser multado por excesso de velocidade).
Lauro é único. Foi ele quem levou leveza e humor aos comentários de futebol. É um dos grandes da geração de ouro do rádio - Pedro Carneiro Pereira, Armindo Ranzolin, Ruy Carlos Ostermann, Paulo SantAna, Lasier Martins, João Carlos Belmonte, Ana Amélia Lemos, que emergem e prosperam entre os anos 1960 e 1970.
Quem se impressionou com a foto do Stênio Garcia nu, que rola na internet, nem imagina o que Lauro era capaz de fazer meio século atrás. Ele desfilou de monoquíni abóbora em Capão da Canoa. Tem foto no livro.
Tem histórias com Pelé, autoridades, colegas, netos (o neto Pedro comia tomate, aos cinco anos, dizendo que era bom para a próstata). Me diverti lendo no fim de semana o livro organizado pelo Maikio Guimarães, que será lançado nesta segunda-feira, a partir das 18h, na Livraria Cultura do Bourbon Country. Fica-se querendo mais, como quem tenta pegar o Lauro pelo braço para espichar a conversa.
Dia desses, vi o Lauro conversando, já de lado (a perna esquerda fica em posição de arranque), com o Nílson Souza no bar da Zero. Quando eu e o Luís Henrique Benfica chegamos perto, ele escapou. Dizem que o Lauro não para porque está sempre querendo voltar pra casa. Mas na sessão de autógrafos dona Maria Helena estará ao seu lado.