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O inusitado relatório da CPI da Petrobras, aprovado às pressas na madrugada de ontem pela Câmara com a proposta de indiciamento de apenas um político - o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, incluído de última hora -, contribui para desgastar ainda mais um instrumento que poderia ser melhor utilizado pela sociedade. O faz de conta da apuração não surpreende: outras duas comissões parlamentares de inquérito instaladas no ano passado para investigar o mesmo tema tiveram idêntico fim. A diferença é que, desde então, a Operação Lava-Jato vem abrindo uma infinidade de frentes nas investigações sobre desmandos na estatal petrolífera que não poderiam ter sido simplesmente desconsiderados.
Além de isentar seus pares e, principalmente, outros integrantes de seu partido, o relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), desenvolveu a tese de que a Petrobras foi vítima de um cartel de fornecedores. Ora, e quem administrava a empresa e o país fez o quê? Os governantes e a direção da empresa não tinham o dever de fiscalizar os negócios com fornecedores privados? Pelo que as investigações da Operação Lava-Jato vêm demonstrando, servidores graduados e seus padrinhos políticos preocupavam-se apenas em pegar a sua parte no roubo.
Só pelo fato de fechar os olhos a tudo isso, o relatório final de mais essa frustrada CPI da Petrobras seria cômico se não fosse revelador do pensamento de políticos que acham natural apropriar-se do patrimônio público. Em oito meses de trabalho, durante os quais foram gastos milhares de reais, o Legislativo tinha a obrigação de avançar nas investigações. Ao se omitir, frustra os brasileiros e desgasta ainda mais um instrumento bem-intencionado como a CPI.