O escoadouro incessante de gastos com a máquina administrativa obriga o governo do Estado a empurrar para o futuro uma dívida crescente e impagável. Os gastos com o pagamento da folha dos servidores já comprometem inclusive o aumento de impostos aprovado com dificuldade pela Assembleia e que gerará sacrifícios enormes aos gaúchos, incluindo elevação nos preços, desaceleração da economia, fechamento de empresas e desemprego. Enquanto não houver uma decisão corajosa de redimensionamento da estrutura administrativa, a crise não terá fim.
Até que isso ocorra, o que se vai continuar constatando é um setor público apequenado, sem condições de cumprir com suas atribuições constitucionais mínimas. Não consegue sequer honrar em dia os salários do funcionalismo e os desembolsos relativos a fornecedores. O Estado, que só foi confirmar a folha de outubro no dia do pagamento, propõe um 13º salário para todos os poderes por meio de empréstimo bancário e não vê perspectivas favoráveis para os pagamentos de novembro e dezembro, o que fortalece um cenário de incertezas péssimo para o Estado.
A simples perspectiva de, até o final do ano, a folha dos servidores comprometer 48,57% da receita corrente líquida - acima do chamado limite prudencial - confirma a urgência na adoção de novas ações, que exigirão ainda mais esforço de todos. O poder público não pode se limitar a tentativas mensais de fechar a folha de pagamentos. Precisa agir, e logo, para atender também aos compromissos assumidos com a sociedade.