Foi o próprio secretário da Fazenda, Giovani Feltes, quem melhor definiu a aprovação do aumento de ICMS pela Assembleia Legislativa, fórmula encontrada pelo governo para aliviar a crise das finanças. "Não temos nada a comemorar, temos até que lamentar", disse o secretário. O realismo diante da situação caótica do Estado permite apenas que o próprio governo celebre a vitória política, ao conseguir convencer a maioria dos parlamentares da necessidade de tributar ainda mais produtos e serviços. Para a população, o sentimento é de fracasso das expectativas em torno de ações que mudem estruturalmente a situação do Estado.
O alívio temporário, com data marcada para acabar, vai obrigar todos, e não só o Executivo, a um reexame de condutas. Os atuais gestores do Estado, que herdaram deficiências crônicas, terão um desafio mais complexo pela frente. Soluções duradouras, que exigem desprendimento de Executivo, Legislativo e Judiciário, terão de ser examinadas com determinação. As propostas do próprio governo nessa direção, somadas a decisões já tomadas, como a reforma da previdência, ainda dependem de ações complementares efetivas.
As instituições terão de dar o exemplo. Um Estado endividado, com inchaço funcional e com privilégios que se acumulam, não pode continuar exigindo sacrifício dos cidadãos se não procurar adequar seu funcionamento e seu tamanho à lógica inquestionável de que não mais pode continuar gastando o que não tem. Ao sugar recursos da economia, como se não houvesse limite para a gastança, o setor público se apropria de produção, renda e emprego e subjuga quem o sustenta.