Daqui a 50 anos, os livros de história descreverão 2015 como um dos anos mais conturbados da história republicana brasileira, mas vamos torcer para não ter que esperar pela arqueologia histórica para desencavar alguns dos mistérios mais intrigantes da Era Lava Jato. Alguns, aliás, já começam a ser esquecidos, tal é o ritmo e quantidade de fatos. Ei-los, para refrescar a memória.
Arapongagem na PF de Curitiba - Quem, e por que, mandou instalar a escuta no fumódromo dos policiais federais? Houve mesmo um grampo na cela de Alberto Youssef, como denunciaram agentes federais na CPI da Petrobras? A escuta confirmada foi sabotagem interna ou estava a serviço de acusados? O suposto grampo em Youssef fazia parte de um "Programa de Aceleração da Condenação", um PAC da PF, ou teria sido armação para obter provas ilegais e tentar melar todo o processo?
Os anjos protetores - Leo Pinheiro, o presidente da OAS, e José Dirceu, ambos amigões de Lula, falarão um dia o que sabem? Ou, tal qual Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Getúlio Vargas, vão encaçapar as responsabilidades e aguentar no osso? O "Anjo Negro" de Getúlio morreu na prisão em 1962, quando, dizia-se, havia rabiscado suas memórias sobre o Mar de Lama.
A advogada que tomou Doril - Que forças ocultas levaram Beatriz Catta Preta, com seu nome sonoro e semblante enigmático, a decidir se evaporar do centro da Lava-Jato no auge do sucesso profissional, quando já havia negociado nove delações premiadas? Quem e o que a ameaçaram?
Os alfarrábios de MO - Por que o CEO da Odebrecht deixou tantas anotações em seus celulares? Marcelo Odebrecht desconhecia que era alvo prioritário da Lava Jato? Senso de impunidade, como apostam alguns? E o que querem dizer aqueles códigos: um enigma que decifraria uma teia de relações obscuras ou garranchos digitais para aquecer a memória em alguma delação futura?
O mamute cego e surdo - Como se explica que um paquiderme estatal como a Petrobras tenha sido saqueado por tantos por tanto tempo sem que suas incontáveis auditorias internas e externas flagrassem o butim? O que faziam as caríssimas estruturas de controle externo enquanto a maior empresa do Brasil era sugada aos bilhões dia e noite?
E ela? - Hei, você se lembra de Venina Fonseca, aquela gerente da Petrobras que no fim do ano passado esparramou acusações de acobertamento de suas denúncias por seus superiores? Sua voz silenciou, mas as denúncias continuam as mesmas.
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