Por Anik Suzuki, CEO da ANK Reputation e membro do Conselho Editorial da RBS
Depois de dois meses de uma cobertura que mostrou ao Brasil e ao mundo os impactos da maior tragédia climática da história gaúcha, agora, na retomada, é preciso reconstruir também a reputação do Estado. O jornalismo profissional contribuiu decisivamente para salvar vidas, dar transparência à ação do poder público, incentivar o voluntariado e a participação das empresas e para a formação da enorme rede de solidariedade que tomou o país.
O desafio da cobertura agora é seguir mostrando que toda ajuda ainda é muito necessária, porque a jornada é longa
O desafio da cobertura agora é seguir mostrando que toda ajuda ainda é muito necessária, porque a jornada é longa e não se pode permitir que sejam esquecidos aqueles com maiores dificuldades para recomeçar, porém trazendo também razões objetivas para acreditar na reconstrução. Amplio essa reflexão para cada um de nós, que em nossas redes sociais e nas conversas informais, destacamos a gravidade das perdas – sobretudo para estimular empatia e solidariedade.
Manter uma imagem de vulnerabilidade do Estado provoca nas empresas receio de investir, afasta o turista e incentiva o êxodo de talentos. São situações que precisamos combater, especialmente quando não se pode renunciar a investimentos e às melhores cabeças para reerguer o Estado, incorporando aprendizados para evitar que a tragédia volte a acontecer.
É preciso dar luz para as informações verdadeiras sobre a força do Rio Grande, um dos cinco maiores PIBs estaduais, com a quarta maior renda per capita, acima da média nacional. O Estado é o sétimo em capital humano, no ranking de competitividade. Além disso, tem um parque industrial robusto e é um dos líderes do agronegócio, com 70% da produção de arroz e 90% da de vinhos, entre outros. Até ser fechado em maio, o aeroporto de Porto Alegre era líder em satisfação geral dos passageiros e um dos 10 mais importantes do país.
O Rio Grande do Sul quer os turistas de volta, quer jovens de todo o país disputando vagas em suas universidades, quer novos investimentos e mentes criativas para trabalhar pelo seu futuro. Existe aqui musculatura para superar as dificuldades. A retomada será tão mais rápida quanto forem os investimentos para gerar empregos e renda e quanto mais o Estado se provar próspero, com oportunidades para morar, trabalhar e investir. Que essas sejam as marcas que fiquem dessa crise.