O bonecão inflável do ex-presidente Lula virou o principal tema das discussões políticas no fim de semana nas redes sociais. Com roupa de presidiário, acabou furado na sexta-feira em São Paulo. No domingo, consertado, voltou com seguranças à Avenida Paulista. E assim continuou o blablablá dos torcedores políticos. A moda entre os petistas é classificar como fascista quem ataca o governo.
Os militantes da esquerda esquecem fácil dos seus tempos de oposição. Aliás, o PT sempre soube fazer oposição. Lembro de acompanhar muitos protestos com queima de bandeiras dos Estados Unidos, destruição de bonecos do Tio Sam e de símbolos norte-americanos, como o McDonald´s. Na época do presidente Fernando Henrique Cardoso, os cartazes e músicas pediam saída de FHC e FMI (Fundo Monetário Internacional). Nem por isso os petistas eram fascistas.
Se não tiver violência, é tudo aceitável, faz parte da disputa política querer atingir a imagem do adversário. Certamente temos admiradores do fascismo na direita e na esquerda, porém virou discurso comum querer rotular todos para desqualificar opositores.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, vem sendo alvo de protestos da esquerda nos últimos meses. Só agora ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal. Mas o pedido já era do “Fora Cunha”. Não estou defendendo o deputado. Só quero fazer a comparação das incoerências políticas. Então pode pedir saída do Cunha, do Collor ou do FHC e não aceita pressão contra Dilma ou outros petistas?
Eu deixo claro que, mesmo com o desgoverno para conseguir a reeleição, não vejo fato concreto que justifique pedido de impeachment da presidente. Governo ruim não é privilégio de Dilma. Seria mais produtiva para o Brasil uma pauta real e objetiva dos opositores, como reforma política e descentralização do poder de Brasília dentro da federação. Mesmo assim, é direito de qualquer um pedir a saída da presidente, do governador ou do prefeito. Não é isso que caracteriza um fascista.