O dentista que atende a família Eduardo Campos há 25 anos relatou na manhã desta sexta-feira (15) as dificuldades no reconhecimento dos restos mortais das vítimas do acidente aéreo ocorrido no litoral paulista na última quarta-feira. Segundo Fernando Cavalcanti, a arcada dentária não teve utilidade na identificação do ex-governador.
"O estrago foi muito grande. Restou apenas restos. Só através do DNA. Você não consegue determinar quem é Eduardo, o piloto, o fotógrafo. São apenas restos humanos", relatou ao chegar à residência da família na zona norte do Recife.
Cavalcanti retornou ainda ontem de São Paulo, onde esteve com a documentação radiográfica que poderia acelerar a identificação do ex-governador. Mas os restos mortais recolhidos na área do acidente não foram suficientes para a checagem. "Havia restos de corpo em 15 casas. Então é um quebra-cabeça. Ninguém sabe quem é quem", detalhou.
A movimentação em frente à residência segue intensa. A todo momento chegam amigos, políticos e autoridades para prestar apoio a família de Campos. A mãe do ex-governador, Ana Arraes, e a viúva, Renata, seguem reclusas. De acordo com relatos de amigos que estiveram como elas, ambas estão "serenas e firmes".
Morte de Campos
O candidato à presidência da República Eduardo Campos, 49 anos, morreu em acidente aéreo na manhã no dia 13 de agosto, em Santos, no litoral de São Paulo. O jato particular onde o político estava caiu sobre uma área residencial e atingiu três casas. Outras seis pessoas morreram na tragédia.
De acordo com a Aeronáutica, a aeronave era um Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, que havia decolado do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino ao Aeroporto de Guarujá (SP). Quando se preparava para pouso, o avião arremeteu devido ao mau tempo. Em seguida, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com o jato.
Nascido em Recife, em 10 de agosto de 1965, Eduardo Henrique Accioly Campos era economista. Em sua trajetória, foi secretário estadual, deputado federal, ministro da Ciência e Tecnologia e governador de Pernambuco por dois mandatos. Em abril deste ano, renunciou ao cargo para concorrer à Presidência, um ano após o seu partido, o PSB, romper com o governo Dilma.
Eduardo Campos era candidato pela coligação Unidos Pelo Brasil, que congregava seis partidos, tendo como vice a ex-senadora Marina Silva. Nas pesquisas, aparecia em terceiro lugar na disputa pelo Palácio do Planalto.
Campos era casado com a economista e auditora do Tribunal de Contas do Estado Renata Campos, com quem teve cinco filhos.