O promotor Mauro Rochenbach apresentou à Justiça a primeira denúncia da Operação Leite Compen$ado. Em Guaporé, denunciou os donos de uma empresa de transporte, Leandro Vincenzi, e o pai dele, Luis Vincenzi. Leandro está preso preventivamente. O pai também é acusado pelo Ministério Público de ajudar na fraude de adição de água e ureia no leite. Eles são sócios-proprietários da empresa LTV Indústria, Transporte e Comércio de Laticínios Ltda. e estão sendo acusados pelo crime de adulteração de produto alimentício.
Pela denúncia do MP, entre outubro de 2011 e abril de 2013, Leandro e Luis Vincenzi, por diversas oportunidades, adulteraram leite cru destinado ao consumo humano com objetivos bem definidos: aumentar o volume e o prazo de validade do produto. Para a prática da infração penal, coletaram leite dos produtores e, em seguida, o adulteram com a adição de água e ureia, na proporção 1% diluídos em 9% de água, perfazendo, assim, o montante de 10%. A mistura química era colocada nos tanques de coleta existentes nos caminhões, juntamente com a água, antes mesmo do leite ser recolhido.
Segundo o promotor Mauro Rockenbach, Leandro Vincenzi, como administrador da LTV, era o responsável pela articulação da fraude e Luis Vincenzi operava o apoio logístico do esquema montado para a adulteração da substância alimentícia, funcionando como ¿olheiro¿. Era ele quem observava a movimentação dos fiscais do Ministério da Agricultura e, em caso de fiscalização, orientava os motoristas que transportam o leite.
Em todas as análises promovidas pelo Laboratório de Análises e Serviços da Univates no leite cru refrigerado de responsabilidade da LTV foi constatada a presença de formol. De acordo com as notas fiscais emitidas pela Secretaria da Fazenda, ficou constatado que tanto Luis Vincenzi quanto a empresa investigada adquiriram ureia e formol no período de 2011 a 2013, sendo que a última compra foi efetuada recentemente, em 5 de março deste ano.
Em Ibirubá, o promotor deve apresentar amanhã a denúncia. Na cidade, seis suspeitos estão presos desde a semana passada. Na semana que vem, em Horizontina, o Ministério Público voltará a pedir a prisão de um suspeito que teve o pedido negado pela Justiça anteriormente.
Entenda o Caso
Nove pessoas foram presas na Operação Leite Compen$ado, realizada pelo Ministério Público (MP) no interior do Rio Grande do Sul. No início do ano, foi descoberta uma fraude que pode causar problemas de saúde. De acordo com os promotores, atravessadores adicionavam ureia no leite para mascarar a adição de água durante o transporte entre a propriedade rural e as indústrias. As análises comprovaram a presença de formol, substância cancerígena. A operação foi realizada nas regiões de Horizontina, Ibirubá e Guaporé. Está proibida a comercialização de leite de vários lotes de sete marcas: Hollmann, Goolac, Só Milk, Italac, Líder, Mumu e Latvida.