O chefe militar do grupo radical Hayat Tahrir al Sham (HTS), que lidera a coalizão que tomou o poder na Síria, declarou à AFP, nesta terça-feira (17), que "a próxima etapa" será a dissolução dos grupos armados, começando pelo seu, e sua integração ao Exército.
"Em todo o Estado, as unidades militares devem estar integradas na instituição" militar, afirmou Murhaf Abu Qasra, conhecido pelo nome de guerra Abu Hassan al Hamawi, em entrevista na cidade litorânea de Latakia.
Segundo ele, o HTS seria "o primeiro" a se dissolver, obedecendo "ao interesse geral do país".
A coalizão armada liderada pelo HTS, um grupo islamista radical, tomou o poder na Síria em 8 de dezembro, após uma ofensiva relâmpago que lhe permitiu tomar a capital, Damasco, e boa parte do país.
Além disso, o responsável militar afirmou que as novas autoridades desejam governar também nas áreas curdas do nordeste da Síria, atualmente nas mãos de uma administração semiautônoma curda.
"O povo curdo é um dos componentes do povo sírio [...], a Síria não estará dividida e não haverá entidades federais", ressaltou.
Ademais, indicou que "a região atualmente controlada pelas Forças Democráticas Sírias [FDS] ficará integrada na nova administração do país".
As FDS, compostas em sua maioria pelos curdos, recebem apoio dos Estados Unidos.
O chefe militar do HTS também pediu o fim dos bombardeios e das "incursões" israelenses que se intensificaram desde a queda de Bashar al Assad.
Também reivindicou que os países ocidentais retirem o HTS e seu líder, Abu Mohammed al Jolani -- cujo nome verdadeiro é Ahmad al Shareh -- da lista de "organizações terroristas".
O HTS é considerado um grupo "terrorista" pela ONU, pelos Estados Unidos e por alguns países europeus.
Várias delegações estrangeiras se reuniram em Damasco com as novas autoridades sírias, que querem mandar uma mensagem tranquilizadora, assegurando que podem restaurar a estabilidade na Síria após 13 anos de guerra civil.
* AFP