A vice-presidente do Equador, Verónica Abad, suspensa pelo Ministério do Trabalho por 150 dias e em crise com o presidente Daniel Noboa, retornou nesta quarta-feira ao país, onde pediu o fim do que considera uma "perseguição".
Verónica disse que retornou "em um ato de rebeldia" da Turquia, para onde havia sido transferida por segurança em setembro, quando o conflito no Oriente Médio se agravou. Por ordem presidencial, ela atuava como embaixadora do país em Israel.
"A sentença abrupta por parte de uma súmula administrativa ilegal e ilegítima me deixou totalmente indefesa na cidade de Ancara", disse a vice-presidente ao desembarcar em Quito, onde uma equipe de segurança a aguardava.
Verónica afirmou que estava "proibida de falar". "Fui mantida praticamente presa em um hotel na Turquia", descreveu.
A vice-presidente mantém uma relação tensa com Noboa desde novembro de 2023, quando a dupla assumiu o Executivo após vencer eleições antecipadas. O Ministério do Trabalho ordenou a suspensão de Verónica do cargo por "abandono injustificado" de funções.
Em seu lugar, o governo nomeou a ministra do Planejamento, Sariha Moya, como vice-presidente interina. Mas o Congresso do Equador, de maioria opositora, considerou a suspensão inconstitucional.
"Vim com meus próprios recursos, em um ato de rebeldia, diante de tudo o que está acontecendo no Equador, a ruptura constitucional, a tentativa de romper a independência de poderes", disse Verónica, ressaltando que a audiência da ação de proteção apresentada por sua defesa vai acontecer no próximo dia 27.
"Não é possível que continuem investigando meu filho", acrescentou a vice-presidente, cujo filho foi preso em março, por suspeita de tráfico de influência. O Ministério Público incluiu a funcionária nessa investigação, mas o Legislativo não autorizou um julgamento contra ela.
* AFP