A Cúpula Ibero-Americana no Equador abriu nesta sexta-feira (15) sua aguardada sessão final de alto nível sem a maioria de seus líderes e com um chamado à ação do presidente anfitrião, Daniel Noboa, diante dos "momentos difíceis" que a região atravessa.
"Estamos vivendo momentos difíceis para a região, momentos difíceis para a Ibero-América. (...) Uma região afetada pelo crime transnacional, também impactada pelas mudanças climáticas, por secas significativas e pelo abandono", alertou o presidente na reta final de uma cúpula ofuscada por outros encontros internacionais.
"Mais do que difíceis, eu diria que são complexos. (...) Temos a responsabilidade, como chefes de Estado, de impulsionar o progresso de nossos países", afirmou Noboa ao inaugurar o último dia do encontro, no qual será aprovada uma declaração de encerramento.
Apenas um punhado de líderes máximos participou da reunião: o rei espanhol Felipe VI e os presidentes Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal) e Xavier Espot Zamora (Andorra), além do anfitrião equatoriano, que enfrenta a violência do narcotráfico e uma grave crise energética em seu país.
A maioria dos 22 chefes de Estado e de governo ibero-americanos convidados para a colonial cidade de Cuenca, que sedia a cúpula no sul andino do Equador, priorizou outros encontros, como o da Apec, no Peru, ou a cúpula do G20 no Rio de Janeiro.
Esses países delegaram a responsabilidade a funcionários de menor escalão, com ausências notáveis como a da presidente mexicana Claudia Sheinbaum, do argentino Javier Milei e do colombiano Gustavo Petro.
A chanceler equatoriana, Gabriela Sommerfeld, destacou na sessão final "o esforço realizado para tentar superar as diferenças, deixar de lado temas sensíveis e alcançar consenso sobre questões de interesse das comunidades ibero-americanas".
No entanto, a grande ausência de líderes gerou dúvidas sobre a relevância do fórum, que este ano pretendia focar a atenção no lema "Inovação, inclusão e sustentabilidade".
- Início difícil -
O evento começou na quinta-feira em Cuenca, com protestos contra a sua realização e a gestão do presidente Noboa. A chamada "contracúpula" será mobilizada novamente nesta sexta-feira.
O Equador recebe sua primeira cúpula ibero-americana em meio a uma grave crise de violência criminal, narcotráfico e racionamento de energia elétrica para enfrentar uma seca histórica. Embora os apagões tenham colocado o país em alerta, Cuenca garantiu o fornecimento de energia durante o evento.
"Apesar de todas as adversidades e de todos os problemas, todos os conflitos internos e externos", o Equador "conseguiu levar adiante" a reunião, celebrou Noboa.
O encontro também ocorre em um momento em que, segundo analistas, a fragmentação entre alguns governos e as relações cada vez mais tensas entre vários líderes apresentam desafios para o futuro do fórum.
- Cooperação -
Um total de 19 delegações dos 22 países ibero-americanos participaram da Cúpula, segundo a chancelaria equatoriana, e por meio de comissões e reuniões exploratórias encaminharam esforços para fortalecer a cooperação e o multilateralismo.
Os temas sociais e a luta contra o crime transnacional também tiveram destaque nas comissões e espera-se que sejam refletidos no documento final, que os chanceleres debateram em uma reunião fechada na quinta-feira.
Como resultado, o setor privado da região adotou um "Compromisso pela Empregabilidade dos Jovens" e foi apresentado o Cartão Ibero-Americano de Deficiência, para facilitar o "reconhecimento de direitos".
* AFP