O Irã está tomando medidas para travar o aumento das suas reservas de urânio altamente enriquecido, indicou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em um relatório consultado pela AFP nesta terça-feira (19).
Essa agência da ONU "verificou" na semana passada, nas instalações nucleares de Natanz e Fordo, "que o Irã iniciou os preparativos destinados a travar o aumento das suas reservas de urânio enriquecido a 60%", afirma o relatório.
O limite está próximo dos 90% necessários para fabricar uma bomba atômica. Teerã nega querer este tipo de armamento e garante que o seu desenvolvimento nuclear é para fins civis, como energia.
O relatório da AIEA foi publicado um dia antes da reunião do Conselho de Governadores da agência em Viena.
Tanto os Estados Unidos como as potências europeias pretendem apresentar uma resolução condenando a falta de cooperação de Teerã, segundo fontes diplomáticas consultadas pela AFP.
O Irã já avisou que, caso este texto simbólico seja aprovado, tomará "contramedidas imediatas" que "certamente não agradarão" aos países ocidentais.
O relatório da ONU recorda que a República Islâmica aumentou acentuadamente as suas reservas de urânio enriquecido nos últimos meses.
Essas reservas totalizavam 6.604,4 kg em 26 de outubro (ante 5.751,8 kg em meados de agosto), 32 vezes mais que o limite autorizado pelo acordo de 2015.
O acordo, assinado em Viena, limitou as atividades nucleares da República Islâmica em troca do levantamento das sanções internacionais.
Mas os Estados Unidos retiraram-se do pacto em 2018 e o Irã desde então renegou seus compromissos.
Teerã enriquece urânio além do limite máximo, fixado em 3,65%.
As reservas de material enriquecido em 60% agora totalizam 182,3 kg (em comparação com 164,7 kg três meses antes). Isso é suficiente para produzir mais de três bombas, segundo a definição da ONU.
* AFP