O Federal Reserve (Fed, banco central americano) se reunirá nesta quarta e quinta-feira (6 e 7), após as eleições presidenciais muito acirradas e cujo resultado provavelmente ainda não será conhecido, para discussões focadas na redução das taxas de juros.
Estima-se que, na próxima semana, seja decidido um corte de 0,25%, o que poderia retomar um pouco da flexibilidade sobre as finanças dos consumidores.
Mas as discussões ocorrerão logo após as eleições. Quando o presidente do Fed, Jerome Powell, der sua coletiva de imprensa, é provável que ainda não se saiba quem, entre a vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, e o ex-presidente e candidato republicano, Donald Trump, assumirá a Casa Branca.
"O Fed tentará articular sua visão da economia e discernir, como fazem os investidores, quais políticas se aproximam e o que significarão para o crescimento econômico", declarou Jill Cetina, professora de Finanças na Texas A&M University e ex-vice-presidente do Federal Reserve Bank of Dallas.
- Sinal "pouco claro" -
Na semana passada, Washington publicou uma série de indicadores econômicos que mostravam uma economia sólida, mas se afastando da euforia pós-covid.
Desta forma, o crescimento do PIB no terceiro trimestre decepcionou, com uma taxa de 2,8% em 12 meses, em comparação aos 3% no segundo trimestre.
Mas foi o emprego que produziu a pior surpresa, com o menor número de postos de trabalho criados desde dezembro de 2020, sobretudo devido aos furacões que atingiram o país e a várias greves, como a da Boeing.
"Em um momento crítico, o sinal (...) infelizmente não é claro para o Fed ou para os mercados, dadas as distorções devidas aos furacões Helene e Milton e à greve da Boeing", acrescentou Kathy Bostjancic, economista-chefe da empresa de seguros Nationwide.
Estes números, no entanto, "sugerem que o mercado de trabalho continua arrefecendo", acrescentou, especificando que esta é uma tendência consistente com um corte de 0,25%, o que deixaria as taxas entre 4,5 e 4,75%.
Depois de ter atingido o nível mais elevado em mais de um ano para controlar a inflação, o Fed anunciou em setembro o primeiro corte desde março de 2020, de 0,5%.
A inflação avançou na direção certa, caindo em setembro ao menor índice desde fevereiro de 2021, uma queda de 2,1% em um ano, de acordo com o índice PCE, o preferido do Federal Reserve, divulgado na última quinta-feira.
"A atual desinflação e a desaceleração do mercado de trabalho, bem como o forte crescimento da produtividade, deveriam favorecer uma recalibração gradual da política do Fed", ressaltou o economista-chefe da EY, Gregory Daco.
* AFP