Os eurodeputados iniciam, nesta segunda-feira (4), o complexo processo de audiências com os candidatos a integrar a futura Comissão Europeia, o braço Executivo da União Europeia (UE), um processo que deve se estender até o final do mês.
Os indicados aos cargos de comissário ou comissária serão submetidos a sabatinas públicas, nas quais o Parlamento Europeu mostra sua força na definição da nova Comissão Europeia.
Nesta segunda-feira, tiveram início as audiências com o eslovaco Maros Sefcovic (atual vice-presidente da Comissão Europeia e candidato a Comissário do Comércio) e o maltês Glenn Micallef, nomeado para Comissário da Juventude, Esporte e Cultura.
Ambos foram aprovados pelos eurodeputados. A audiência de Sefcovic, de 58 anos, começou com um minuto de silêncio pelas vítimas das tempestades e inundações na Espanha.
Ele foi cauteloso ao ser questionado sobre o futuro das negociações para concluir o acordo comercial entre UE e Mercosul, afirmando que as conversas continuam a nível "técnico".
"Espero que o acordo possa ser concluído com bases justas", declarou.
Micallef, de 35 anos, insistiu, por sua vez, que caso seja ratificado, buscará coordenar sua atividade com os outros comissários europeus.
Ao fim do dia, Christope Hansen (Agricultura), de Luxemburgo, e Apostolos Tizitzikostas (Transportes), da Grécia, também serão interrogados.
Cada Estado-membro da UE tem um posto entre os comissários, com exceção da Alemanha, país de origem da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen.
Os nomes propostos pelos demais 26 países devem ser aprovados pelo Parlamento Europeu.
As audiências prosseguirão até quinta-feira e devem ser concluídas na terça-feira 12 de novembro, com os interrogatórios públicos dos seis indicados por Von der Leyen como vice-presidentes.
Entre as seis pessoas indicadas para ocupar as vice-presidências está a espanhola Teresa Ribera, que deve assumir a pasta da Transição Limpa.
Ribera terá a missão de tranquilizar a direita europeia, que desconfia do plano de aliar a atividade econômica aos objetivos climáticos do bloco.
Entre os candidatos também está o polêmico Rafaele Fitto, do partido de extrema direita Irmãos de Itália, da primeira-ministra italiana Georgia Meloni.
Von der Leyen propôs Fitto como vice-presidente da Comissão e comissário europeu da Economia, em um aceno evidente a Meloni e aos partidos da extrema direita europeia.
A indicação de Fitto provocou revolta entre os eurodeputados social-democratas, a esquerda e o centro, uma postura que antecipa audiências de elevada tensão política.
Mais da metade dos indicados para integrar a Comissão pertencem ao Partido Popular Europeu (PPE, direita), ao qual Von der Leyen também pertence e que possui a maior bancada no Parlamento.
* AFP