Nesta terça-feira (5), ocorre o último dia de votação da eleição presidencial nos Estados Unidos. Mesmo com votação antecipada em alguns Estados, milhões de eleitores vão às urnas nesta data para apontar se o comando dos americanos ficará mais quatro anos nas mãos dos democratas ou se retornará aos republicanos.
Com um sistema complexo de votação e apuração, analistas apostam que o novo presidente dos EUA pelos próximos quatro anos não deve ser conhecido ainda na terça. Uma contagem inicial pode ser apresentada nas primeiras horas após o pleito, mas a definição do vencedor pode levar alguns dias, como aconteceu em 2020.
Votação
O horário de votação nos EUA nesta terça-feira varia de acordo com cada Estado. Como o país tem quatro fusos-horários principais, com grande diferença de horas, o período de abertura e fechamento dos locais também é diferente em cada região. Por exemplo, Estados como Califórnia e Alasca vão encerrar o processo mais tarde ante outras partes do país.
Além disso, os cidadãos americanos podem votar de maneira antecipada, enviando a cédula pelo correio ou comparecendo à sua zona eleitoral. Até 31 de outubro, cinco dias antes da data oficial da eleição, mais de 62 milhões de pessoas já haviam votado.
Apuração
Como a votação ocorre via cédulas de papel e a contagem de votos é realizada de maneira diferente em cada Estado, o resultado pode demorar dias para ser conhecido. Em 2020, por exemplo, Joe Biden foi declarado vencedor apenas no sábado seguinte ao pleito, que sempre ocorre em uma terça-feira.
Na prática, a apuração já começa horas após o fechamento das urnas, mas o tempo de contagem de votos varia em razão dessa diferença de horários, regras e legislações em cada Estado americano.
Números prévios de contagem são divulgados, mas a definição costuma demorar para sair.
Sistema eleitoral
A eleição do presidente dos Estados Unidos ocorre por sufrágio universal indireto. Os cidadãos designam os 538 delegados para compor o Colégio Eleitoral, que votarão posteriormente em um dos dois candidatos.
Para vencer as eleições, um candidato deve obter a maioria absoluta dos votos colegiados (270 delegados). Ou seja, a votação é indireta e nenhum dos eleitores votará, nesta terça-feira, diretamente em Kamala Harris, do Partido Democrata, ou em Donald Trump, do Partido Republicano. Os votos dos cidadãos são “transferidos” aos delegados, que efetivamente votarão nos concorrentes.
O número de delegados em cada Estado é definido pelo tamanho da população. No entanto, nenhum tem menos de três representantes. A Califórnia, o Estado mais populoso do país, é o maior detentor de votos, 54, enquanto Delaware, Wyoming e a capital, Washington, possuem, cada um, apenas três.
The winner takes all
Na maioria dos Estados, ocorre o sistema "winner takes all". Traduzindo para português, significa que o vencedor de determinado Estado "leva tudo" e pode indicar todos os delegados ao Colégio Eleitoral.
Por exemplo, se o concorrente receber a maioria dos votos — seja 51% ou 99% — na Califórnia, leva todos os 54 delegados daquele Estado. As únicas exceções são o Nebraska e o Maine. Nesses dois locais, os delegados são atribuídos por representação proporcional.
Nesse modelo indireto, existe a possibilidade de o candidato não conquistar a preferência da maioria dos eleitores de forma absoluta, mas ser eleito por maioria de delegados.
Isso já ocorreu em alguns pleitos, como o de 2016, quando Trump conquistou a presidência com quase 3 milhões de votos a menos do que a democrata Hillary Clinton. Em 2000, o republicano George W. Bush saiu vencedor com quase 500 mil votos a menos do que seu adversário, o democrata Al Gore.
Na prática, o formato confere maior peso na decisão aos Estados mais populosos. Nesse sentido, Califórnia, Flórida e Texas têm especial relevância, porque juntos concentram boa parte dos delegados. Em alguns Estados existe a possibilidade de um delegado votar diferentemente do que a votação da maioria definiu, mas os casos são raros.
Estados-pêndulo
Nas eleições dos Estados Unidos, existe a figura dos Estados-pêndulo, conhecidos como "swing-states". Historicamente, a maioria dos eleitores desses Estados não tem um partido definido. Portanto, recebem atenção especial dos candidatos, que tentam captar a preferência dos eleitores, ainda mais em um sistema onde o voto não é obrigatório.
Neste pleito, são sete Estados-pêndulo, considerados fundamentais na decisão do próximo presidente americano. São pelo menos 93 delegados em jogo, que podem mudar o rumo das eleições no país.
A Pensilvânia, que conta com 19 delegados, é um dos principais Estados-pêndulo. Analistas entendem que o vencedor na Pensilvânia tem grandes chances de ser o eleito.
Pode empatar
Como o número delegados é par, é possível que a eleição nos Estados Unidos termine empatada. Isto aconteceu somente uma vez na história, em 1824.
Neste caso, a 12ª Emenda da Constituição Americana prevê que o presidente eleito seja escolhido na Câmara dos Deputados, com cada Estado tendo apenas um voto, independentemente do tamanho da população.
Quem ganhar a maioria dos votos da Câmara leva o pleito. O vice-presidente, por outro lado, seria escolhido pelo Senado.
Como os EUA possuem 50 Estados, poderia, em tese, haver outro empate entre os dois candidatos. Nesse caso, a votação entre os deputados seria repetida até que um vencedor fosse definido.