O Ministério Público de Cuba informou no sábado (9) a prisão de um número indeterminado de cidadãos por "perturbações de ordem", ocorridas em meio às tensões causadas pelo apagão generalizado de quase dois dias devido à passagem do furacão Rafael.
O anúncio foi feito no momento em que a maior parte do país recuperou a eletricidade, e depois que organizações de direitos humanos relataram prisões e convocações de pessoas em delegacias de polícia por participarem de manifestações.
"Em Havana, Mayabeque e Ciego de Avila", no oeste e no centro da ilha, "processos criminais estão tramitando devido a crimes de ataques, desordem pública e danos", afirmou o MP em uma declaração incomum publicada em seu site, sem especificar o número de pessoas presas ou detalhes dos incidentes.
A instituição disse que "decidiu impor a medida cautelar de prisão preventiva aos acusados apresentados" pelo Ministério do Interior, "por atos de agressão a autoridades e inspetores dos territórios que causaram ferimentos e perturbações da ordem".
Em Havana, onde vivem dois milhões de habitantes, na noite de sábado "o serviço foi restabelecido em 82% dos circuitos de distribuição", detalharam as autoridades locais, embora vastas áreas da capital e da província vizinha de Artemisa permaneçam sem serviço, quatro dias depois que o furacão atingiu fortemente o oeste da ilha.
O serviço havia sido restaurado desde sexta-feira em 13 das 15 províncias do país, mas Artemisa e sua vizinha, Pinar del Río, ainda estavam sem conexão.
De acordo com informações oficiais, cerca de 500 edifícios na cidade sofreram colapso total ou parcial devido ao desabamento de telhados, queda de paredes ou fachadas.
Rafael entrou na pequena praia de Majana, em Artemisa, na quarta-feira, com a força de um furacão de categoria 3 na escala Saffir-Simpson, e atravessou a ilha de sul a norte em quase duas horas e meia antes de seguir para o Golfo do México, onde está perdendo força, informou o Centro Nacional de Furacões dos EUA.
O ciclone não causou perda de vidas, mas deixou grandes danos materiais, segundo as autoridades.
- "Rigor" -
O presidente Miguel Díaz-Canel disse neste sábado no X que "a restauração da eletricidade e das comunicações, o abastecimento de água e o saneamento são as principais metas para este fim de semana" e disse que daria prioridade a Artemisa.
Nos vilarejos dessa província adjacente a Havana, Rafael varreu telhados e casas inteiras e deixou grandes áreas inundadas. As plantações agrícolas, que são em grande parte consumidas pela capital, foram severamente danificadas.
Rafael atingiu Cuba apenas duas semanas depois que o furacão Oscar atingiu o leste da ilha durante um apagão anterior que deixou oito pessoas mortas e 10 milhões de cubanos no escuro. Cuba sofreu outra interrupção total de energia em 2022.
Os apagões são um lembrete para os cubanos da frágil situação energética que a ilha enfrenta devido à queda nas importações de petróleo bruto da Venezuela, seu principal aliado, nos últimos dois anos. Esse petróleo ajuda a alimentar alguns dos equipamentos de geração de eletricidade que precisam de combustível para funcionar.
As usinas termoelétricas, que funcionam com petróleo nacional, frequentemente falham devido ao seu estado de dilapidação, algumas das quais têm até 40 anos de idade.
* AFP