O dia de megaofertas nos Estados Unidos, conhecido como 'Black Friday', aconteceu nesta sexta-feira (29) em um contexto econômico positivo, mas com consumidores mais cautelosos em busca de oportunidades após três anos de inflação alta.
Alguns estabelecimentos abriram na quinta-feira à noite para aproveitar o impulso das compras, como o shopping a céu aberto Citadel, próximo a Los Angeles, na Califórnia.
"Temos uma grande clientela de turistas, pessoas que voam de diferentes países. Por isso, abrir às 8 [da noite anterior] é dar um acesso mais cedo à Black Friday", disse à AFP Junior Bolden, funcionário do shopping.
Mario Clemente, um turista mexicano, viajou de Guadalajara, no México, pela "experiência" e pelos "ótimos preços". "Comparado com o México, é muito mais barato vir aqui. Mesmo contando com hotel e voo, é mais econômico", contou.
Muitos dos que chegaram antecipadamente eram moradores que queriam evitar as multidões, como Jaiden e María, um casal de Los Angeles. Pensaram que todos iriam na sexta-feira, "mas, evidentemente, não é o caso. Está bem movimentado esta noite!", disseram.
A Federação Nacional de Varejo dos EUA (NRF) se mostrou muito otimista nesta sexta-feira, com a expectativa de que mais de 183 milhões de clientes visitem lojas neste fim de semana, o que seria um recorde.
Durante o período de promoções, que vai até segunda-feira com a Cyber Monday, dia focado em tecnologia, a federação prevê um aumento no consumo de 2,5% a 3,5% em relação a 2023. Seria quase 1 bilhão de dólares (R$ 5,97 bilhões, na cotação atual) em vendas.
Os consumidores estão em busca de oportunidades e algumas lojas, como Target, começam suas ofertas já no início de outubro.
A 'Black Friday', que segue o feriado de Ação de Graças, marca o início da temporada de compras de fim de ano nos Estados Unidos.
- Orçamento apertado -
O descontentamento das famílias americanas com a inflação foi uma das razões para a vitória de Donald Trump nas eleições de 5 de novembro.
Após anos de aumento nos preços, os americanos "nos dizem que seus orçamentos continuam apertados", disse Brian Cornell, presidente da Target, no início do mês.
"Estão cada vez mais criativos em seu comportamento de compra, esperando até o último momento para comprar. Focam nas oportunidades e se abastecem quando as encontram", explicou.
As famílias de menor renda foram as mais afetadas pela inflação, mas a situação está mudando.
"Talvez pela primeira vez desde 2021", quando os preços começaram a subir, "parece que sua renda real está finalmente aumentando", declarou esta semana Michael O'Sullivan, CEO da marca de roupas a preços baixos Burlington Stores.
A inflação permanece ligeiramente acima da meta de 2% do Federal Reserve, o banco central dos EUA.
* AFP