O secretário de Estado americano, Antony Blinken, prometeu nesta quarta-feira (13) em Bruxelas uma "resposta firme" à presença de tropas norte-coreanas no conflito entre Rússia e Ucrânia.
Coincidindo com um ataque balístico russo contra Kiev, Blinken iniciou uma série de encontros em Bruxelas para defender a ajuda à Ucrânia.
O dia começou com uma reunião com o secretário-geral da Otan, Mark Rute.
"Tivemos uma reunião sobre o apoio à Ucrânia (...) e este novo elemento, tropas da Coreia do Norte injetadas na batalha, e agora quase literalmente no combate, o que exige e terá uma resposta firme", disse o chefe da diplomacia americana.
O governo dos Estados Unidos afirma que tropas norte-coreanas estão mobilizadas em operações de combate na região russa de Kursk, onde o Exército ucraniano iniciou uma ofensiva em agosto e ocupa uma parte do território.
Nesta mesma quarta-feira, o serviço de inteligência da Coreia do Sul afirmou precisamente que os soldados norte-coreanos já "participam em combates" em Kursk, onde foram destacados há duas semanas.
Embora não tenha dito como poderia ser dada esta resposta à presença norte-coreana, Blinken disse que o envio de tropas era um passo "incrivelmente perigoso".
Em sua visita de menos de 24 horas, o chefe da diplomacia americana participou de uma reunião do Conselho do Atlântico Norte (o principal órgão de tomada de decisão da aliança militar) antes de um encontro rápido com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiga.
"A defesa da Ucrânia não pode ser colocada em espera", afirmou o diplomata ucraniano.
Blinken disse que os Estados Unidos "contam com nossos aliados europeus para um forte apoio à Ucrânia".
O secretário de Estado americano também teve reuniões restritas com o atual chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, e com sua sucessora designada, Kaja Kallas.
Na audiência de confirmação no Parlamento Europeu, Kallas, ex-primeira-ministra da Estônia, enfatizou na terça-feira que a UE deve manter o apoio à Ucrânia "pelo tempo que for necessário".
A viagem de Blinken a Bruxelas acontece no momento em que Kiev e seus aliados europeus temem que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, interrompa a ajuda ao país.
Trump já conversou por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky. Segundo o jornal The Washington Post, ele também falou com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, embora o Kremlin tenha negado qualquer conversa entre ambos.
Durante a campanha eleitoral, Trump prometeu acabar com a guerra entre Rússia e Ucrânia em apenas um dia, antes mesmo de assumir o poder. Mas ele não explicou como alcançaria o objetivo.
- Ajuda questionada -
Trump também sugeriu que seu governo poderia limitar a ajuda bilionária à Ucrânia, ao questionar os gastos porque, segundo ele, a guerra está em "ponto morto".
No front leste ucraniano, a Rússia conquistou centenas de quilômetros quadrados em outubro e ameaça cidades de importância estratégica, como Pokrovsk.
Além disso, o Exército russo intensificou desde o início de outubro os ataques com drones contra a capital ucraniana. Nesta quarta-feira, as tropas de Moscou foram ainda mais longe e lançaram este tipo de dispositivo ao lado de mísseis.
"As Forças Armadas russas lançaram um ataque combinado de mísseis e drones contra Kiev, pela primeira vez em 73 dias", destacou a administração militar da capital.
O ataque durou mais de duas horas, mas não provocou mortes graças aos sistemas de defesa antiaérea, acrescentaram as autoridades militares.
O atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tenta acelerar a entrega de ajuda militar à Ucrânia e pretende implementar mecanismos para que os europeus assumam o controle do auxílio.
Atualmente, restam 9,2 bilhões de dólares da verba orçamentária aprovada há alguns meses.
Do total, 7,1 bilhões de dólares procedem das reservas de armas americanas e 2,1 bilhões devem financiar contratos de compra de armas, segundo o Pentágono.
Fontes do governo em Washington anteciparam que a administração pretende utilizar toda a verba.
A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, fez um alerta sobre o risco de Putin aproveitar a transição política nos Estados Unidos para seu benefício.
* AFP