O ex-presidente boliviano Evo Morales decidiu não se apresentar, nesta quinta-feira (10), à convocação do Ministério Público, para dar sua versão na investigação sobre suposto abuso de uma menor durante seu mandato, anunciou seu advogado.
Morales "não se apresentará até que o processo que está enfrentando no Ministério Público seja regularizado", disse o advogado Nelson Cox, depois de denunciar que o processo contra seu cliente é "ilegal", já que o sistema de justiça investigou e arquivou a mesma denúncia em 2020.
Morales, que governou a Bolívia entre 2006 e 2019, recebeu uma convocação na terça-feira para depor diante de uma promotora do departamento de Tarija que o investiga pelos crimes de "estupro, tráfico e exploração de pessoas".
"Estão reativando um processo de forma ilegal, e nós informamos" essa irregularidade ao Ministério Público (MP), ressaltou Cox.
Convertido em um ferrenho opositor do governo que antes apoiava, Morales nega as acusações e as atribui a uma perseguição judicial do presidente Luis Arce, com quem disputa a nomeação do partido governista para as eleições de 2025.
"O governo traidor desencadeou uma guerra judicial, a criminalização do protesto social e a perseguição à oposição política para tentar nos banir", acrescentou.
Nesta quinta-feira, o ministro da Justiça, César Siles, advertiu que Morales poderá ser preso, caso se recuse a cumprir a convocação do MP.
"Qualquer ordem de citação afirma em seu texto que, em caso de não comparecimento, será expedido o mandado de prisão", sustentou.
O escândalo que pode levar o influente líder indígena à prisão remonta a 2015, quando - segundo a denúncia que o MP investiga - Morales se envolveu com uma menor de 15 anos, com quem teve uma filha em 2016.
* AFP