O apagão quase total que afeta cerca de 10 milhões de cubanos entrou neste sábado (19) em seu segundo dia, apesar dos esforços do governo para reativar o sistema de eletricidade, que colapsou no dia anterior devido a uma falha na principal termoelétrica da ilha.
As autoridades relataram um progresso inicial na restauração do sistema. "370 MW é a soma do que temos em microsistemas" e esse número aumentará "com a entrada, esta tarde, de termoelétricas, centrais flutuantes e motores", informou o Ministério de Energia e Minas em sua conta na rede social X.
Os microsistemas são motores anexos que garantem o serviço a centros vitais e abastecem algumas residências próximas. No entanto, trata-se de uma geração muito limitada de eletricidade em comparação com os 3.300 megawatts que o país demandou na última quinta-feira, um dia antes do colapso, quando o governo declarou "emergência energética".
Ontem, uma falha na principal central termoelétrica da ilha causou a queda da rede por uma nova "desconexão total do sistema eletroenergético nacional", relatou o portal de notícias Cubadebate, sem fornecer mais detalhes.
Este anúncio foi um grande choque para muitos cubanos, que mal conseguiram dormir devido ao calor, sem ventiladores.
"Manter a calma"
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, participou durante a noite de uma reunião de supervisão, em que prometeu que "não haverá descanso" até o total restabelecimento do serviço. O colapso do sistema de energia “é mais uma demonstração de todos os problemas que o bloqueio nos causa”, afirmou.
"O sistema ficou sem energia em todo o país", após a inoperância imprevista da usina termoelétrica Antonio Guiteras, disse à TV estatal Lázaro Guerra, diretor-geral de Eletricidade do Ministério de Minas e Energia.
Ao amanhecer, a maioria dos bairros da capital cubana, com 2 milhões de habitantes, ainda estavam sem eletricidade, confirmou um fotógrafo da AFP. Apenas hotéis, hospitais e algumas residências particulares que possuem geradores próprios tinham luz.
— As pessoas estão um pouco alteradas por tanto tempo sem energia, e Deus sabe quando vão restabelecê-la", comentou Rafael Carrillo, um mecânico de 41 anos, que afirmou ter caminhado quase cinco quilômetros devido à falta de transporte.
Ruína energética
A energia elétrica na ilha é gerada por meio de oito termoelétricas antigas, que, em alguns casos, apresentam avarias ou estão em manutenção, além de sete plantas flutuantes – que o governo arrenda de empresas turcas – e grupos geradores.
Toda essa infraestrutura requer, em sua maioria, combustível para funcionar.
Cuba atravessa sua pior crise em três décadas, com falta de alimentos, remédios e apagões crônicos que limitam o desenvolvimento das atividades produtivas, além de uma inflação galopante nos últimos anos.
Os apagões foram um dos fatores desencadeadores das históricas manifestações de 11 de julho.
Em 2023, a ilha se recuperou dos cortes de eletricidade diários que sofreu durante quase todo o ano de 2022.
Em outubro daquele ano, houve outro apagão generalizado, após a passagem do furacão Ian.