Você sabe como é voar no olho de um furacão? Com muita turbulência, mostra vídeo gravado por pesquisadores da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos que sobrevoaram o Milton na segunda-feira (7), enquanto o fenômeno se aproximava da Flórida. As imagens foram gravadas por Nick Underwood, engenheiro de programas e integração do centro de operações aéreas da NOAA.
Apesar de parecer arriscada, a rota de voo faz parte de uma missão da NOAA para coletar dados sobre a atuação do furacão Milton. A bordo do turboélice Lockheed WP-3D Orion, aeronave equipada instrumentos para resistir à fenômenos extremos, os pesquisadores, conhecidos como "caçadores de furacões", examinam as mudanças de vento e pressão em tempo real.
Nas imagens, gravadas por Nick Underwood, engenheiro de programas e integração do centro de operações aéreas da NOAA, o avião cruza a parede de água até o olho do ciclone para coletar os dados. Na sequência, o vídeo mostra diversos objetos caindo no interior da aeronave por conta das fortes turbulências. Apesar do avião sacudir, os tripulantes parecem tranquilos durante todo o vídeo.
Dois turboélices WP-3D Orion integraram a missão. Em cada um deles havia cinco pessoas a bordo:
- Um piloto
- Um copiloto
- Um navegante, responsável por acompanhar a posição e o movimento da aeronave e monitorar o radar
- Um meteorologista, encarregado dos dados atmosféricos coletados
- Um especialista, que verifica a carga antes do voo, coleta e registra dados durante a missão.
Plano de voo
Os furacões giram sempre no sentido anti-horário no Hemisfério Norte e no sentido horário no Hemisfério Sul, explica a NOAA. Eles se formam ao redor de uma área de pressão atmosférica muito baixa, chamada olho – que costuma ter entre 24 e 56 km de diâmetro.
No centro do olho, a velocidade do vento é quase nula, enquanto na parede circundante os ventos podem ultrapassar 350 km/h.
O diretor de voo utiliza o equipamento de radar do avião para determinar a rota mais segura para atravessar a parede. Seu objetivo é entrar perpendicularmente à direção do vento "sem entrar nas partes mais extremas da tempestade", explica a NOAA.
Como os dados são coletado?
De acordo com a NOAA, um sensor meteorológico que mede a temperatura do ar, a umidade e a pressão atmosférica é equipado a um paraquedas e lançado por um escotilha – pequena abertura na superfície superior da aeronave. Os caçadores de furacões costumam lançar mais de 50 desses sensores durante cada voo.
Outro instrumento importante é o batitermógrafo aerotransportado AXBT, que é lançado para medir a temperatura do mar em várias profundidades.
— Nossa missão é sair e encontrar o centro exato da tempestade, determinar o tamanho do raio do vento e descobrir o que está acontecendo no entorno da tempestade, para transmitir essa informação ao centro de furacões e ajudar a melhorar as previsões — afirma um membro da Air Force Reserve Hurricane Hunters em um vídeo postado nesta semana em seu site.
— Atualmente, os satélites são ótimos, mas ainda faltam muitas informações que simplesmente não podemos obter através deles. Por isso, é muito importante para nós poder sair e coletar amostras em três dimensões do que está acontecendo nas tempestades — explica.