Dez cidades de três continentes, incluindo as brasileiras Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Curitiba, precisarão se preparar para acolher oito milhões de migrantes climáticos nos próximos 25 anos, caso as emissões não diminuam, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (18).
A análise, realizada pelo Grupo C40 de Grandes Cidades para a Liderança Climática e o Conselho de Imigração de Prefeitos, examina o impacto das mudanças climáticas na migração interna de Bogotá (Colômbia), Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador (Brasil), Amã (Jordânia), Karachi (Paquistão), Daca (Bangladesh), Acra (Gana) e Freetown (Serra Leoa).
O número de migrantes irá variar conforme o aumento do aquecimento global. Rio de Janeiro, Bogotá e Karachi poderiam ver "um aumento de três vezes no número de migrantes climáticos" se o mundo não cumprir com as metas do Acordo de Paris de 2015.
Esse pacto foi estabelecido para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, limitando o aumento da temperatura global a menos de 2°C em comparação com os níveis pré-industriais, ou idealmente a +1,5°C.
Os deslocamentos ocorrerão principalmente devido à redução na produção agrícola, ao aumento do nível do mar e a eventos climáticos extremos, como enchentes e incêndios florestais, de acordo com a pesquisa.
Cerca de 800 milhões de empregos estão ameaçados em todo o mundo por conta dos impactos das mudanças climáticas e das transições ecológicas mal planejadas, afirma o estudo.
A copresidente do C40 e prefeita de Freetown, Yvonne Aki Sawyerr, pede mais cooperação global.
"Não deveriam ser apenas as cidades do Sul Global a liderar a iniciativa: a cooperação mundial é essencial", defende ela, citada em um comunicado do Conselho de Imigração de Prefeitos.
Como exemplo, Sawyerr menciona que entre 2016 e 2021, 43 milhões de crianças foram deslocadas por fenômenos meteorológicos extremos no mundo, mas "estão disponíveis apenas 8% dos 5 trilhões de dólares necessários anualmente para a ação climática urbana".
* AFP