Taiwan iniciou, nesta segunda-feira (22), suas manobras militares anuais, com fogo real, em um simulacro de resposta a um possível ataque chinês, em um contexto de crescente tensão entre a ilha com governo próprio e o regime comunista de Pequim que a considera uma província.
Este ano, diferentemente dos anteriores, as forças armadas taiwanesas não realizarão os exercícios na ilha principal do arquipélago, mas sim nas ilhas periféricas perto das quais navios de guerra e aviões de combate chineses operaram nos últimos meses, indicou o ministro da Defesa taiwanês, Wellington Koo.
Essas manobras, denominadas "Han Kuang", durarão cinco dias e não terão "fins de demonstração", acrescentou.
Este ano também será colocada em testes uma nova estrutura de comando descentralizada, com o objetivo de preparar o Exército taiwanês "para a crescente complexidade e para as incertezas relativas ao campo de batalha", detalhou o Ministério da Defesa.
"A situação é mais preocupante que antes. Esse tipo de exercício destinado à comunicação é inútil para [melhorar] nossa preparação", explicou Ou Sifu, especialista em conflitos do Instituto Nacional de Pesquisa de Defesa e Segurança de Taiwan.
As tropas taiwanesas, que tradicionalmente conheciam o roteiro de cada manobra, deverão agora reagir com "espontaneidade" às situações propostas, em cenários "mais condizentes com a realidade", apontou outro especialista da área militar, Su Tzu-yun.
A marinha taiwanesa indicou que já havia efetuado pela manhã uma "saída de emergência" da costa norte da ilha.
Essas manobras militares ocorrem dois meses depois da chegada ao poder do novo presidente, Lai Ching-te, descrito por Pequim como um "perigoso separatista".
O Ministério da Defesa de Taiwan disse em 11 de julho ter detectado 66 aviões militares chineses ao redor da ilha em uma janela de 24 horas, um recordo neste ano.
* AFP