A proibição de um voo do Panamá que levaria à Venezuela ex-mandatários latino-americanos para atuar como observadores nas eleições presidenciais de domingo aumentou a tensão em torno do pleito.
O atual presidente, Nicolás Maduro, busca um terceiro mandato e tem como principal rival o diplomata Edmundo González Urrutia, indicado pela aliança opositora Plataforma Unitária Democrática (PUD) devido à inabilitação política de sua candidata original, María Corina Machado, e outros dirigentes.
O presidente panamenho, José Raúl Mulino, denunciou nesta sexta-feira (26) que autoridades venezuelanas impediram a decolagem do aeroporto de Tocumen de um voo da Copa Airlines que tinha entre os passageiros os ex-governantes.
Mulino explicou, em uma mensagem na rede social X, que o "bloqueio do espaço aéreo venezuelano" motivou a situação.
O grupo era composto pelos ex-presidentes Mireya Moscoso (Panamá), Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica), Jorge Quiroga (Bolívia) e Vicente Fox (México), todos membros da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (Grupo Idea) e fortes críticos do governo de Maduro.
"Mau sinal para domingo", disse Fox em uma entrevista ao Grupo Fórmula, do México.
— Nos tiraram do avião com chantagem e pressões emitidas desde a Venezuela — denunciou.
Na quinta-feira, o poderoso dirigente chavista Diosdado Cabello adiantou que seria impedida a entrada deles na Venezuela.
— Não estão convidados, querem aparecer. Aqui não vão vir para bagunçar. Este país tem que ser respeitado — disse, em seu programa de televisão.
O incidente no Panamá se soma a alertas na região por advertências de Maduro sobre "um banho de sangue" em caso de vitória da oposição. Os presidentes do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva e do Chile, Gabriel Boric, expressaram preocupação com a declaração.
— Não se pode ameaçar sob nenhum ponto de vista com banhos de sangue — afirmou, na quinta-feira, Boric.
— Maduro tem que aprender: quando ganha, fica; quando perde, vai embora — disse Lula na segunda-feira.
Estados Unidos, União Europeia e a maioria dos governos da América Latina não reconheceram a reeleição de Maduro em 2018 em eleições boicotadas pela oposição, que as qualificou como fraude.
Prisões de opositores
A ONG de direitos humanos Foro Penal denunciou, também nesta sexta-feira (26), que 135 pessoas vinculadas à campanha do opositor González foram presas, das quais 47 permanecem detidas.
Além disso, reporta essa organização, as autoridades fecharam locais que prestaram serviços à campanha opositora.
Ao todo, 21 milhões de pessoas estão aptas a votar no domingo. As pesquisas favorecem González, mas o chavismo as desconsidera e acusa a oposição de planejar não reconhecer os resultados e gerar violência.