O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, descartou nesta quinta-feira (18) repatriar "à força" os migrantes que cruzam a inóspita selva de Darién, na fronteira com a Colômbia, em sua jornada rumo aos Estados Unidos, esclarecendo as declarações que deu ao assumir o poder.
"Não podemos prendê-los, não podemos repatriá-los à força", disse Mulino em uma coletiva de imprensa nesta quinta, embora ao assumir o cargo em 1º de julho tivesse prometido devolver os migrantes que chegassem ao Panamá atravessando a selva aos seus países de origem e "fechar" esta rota, que foi utilizada por mais de meio milhão de pessoas em 2023.
"Eles não querem ficar no Panamá, querem ir para os Estados Unidos, e se essa questão se tornar uma situação para nós, que pode ser de menor ou maior grau, então eles irão para lá", acrescentou o presidente de direita.
Durante sua campanha eleitoral, Mulino anunciou o "fechamento" do Darién caso fosse eleito, e em seu discurso de posse afirmou: "Não permitirei que o Panamá seja um caminho aberto para milhares de pessoas que entram ilegalmente em nosso país".
No mesmo dia, o Panamá assinou um acordo com os Estados Unidos no qual Washington se comprometeu a fornecer seis milhões de dólares (R$ 33,2 milhões) para financiar repatriações e outros gastos.
Ao ser proclamado presidente eleito em 10 de maio, Mulino afirmou: "Para que saibam os de lá e os que gostariam de vir, que aqui quem chegar será devolvido ao seu país de origem".
No entanto, na semana passada, o ministro da Segurança panamenho, Frank Ábrego, amenizou o discurso ao afirmar que não havia "outra escolha" a não ser permitir que os migrantes continuem sua jornada.
"Teoricamente, o que eles [os migrantes] vão pedir é continuar, e aí não temos outra escolha senão deixá-los seguir em direção aos Estados Unidos", disse Ábrego em uma entrevista para a EcoTv.
Em 2023, mais de meio milhão de pessoas atravessaram essa rota, apesar dos grandes perigos envolvidos, como rios caudalosos, animais selvagens e gangues criminosas que roubam, estupram e matam.
A maioria dos migrantes é composta por venezuelanos, mas também há haitianos, equatorianos, colombianos e chineses.
* AFP