O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, anunciou neste sábado (1°) uma "nova era de segurança" por na região Ásia-Pacífico, em um fórum em Singapura que contará no domingo com a presença do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
Zelensky falará no domingo às 11h30 locais (00h30 em Brasília) no Diálogo Shangri-La, um fórum anual sobre defesa e segurança, informou seu organizador.
Zelensky chegou a Singapura no sábado à tarde e os jornalistas da AFP o viram entrar, sob aplausos dos espectadores, no saguão do hotel de luxo que abriga o fórum.
Em uma mensagem no X neste sábado, ele explicou que terá "uma série de reuniões", em particular com Austin, assim como com autoridades em Singapura, entre outros.
A presença de Zelensky nesta reunião, onde participam os ministros da Defesa dos Estados Unidos e da China, entre outros, ocorrerá pouco depois de os Estados Unidos terem autorizado a Ucrânia a usar as armas que fornece para atacar alvos em solo russo, com certas condições.
Até então, as discussões do fórum giravam em torno da segurança na região Ásia-Pacífico, "uma prioridade" para Washington.
Na sexta-feira, Austin reuniu-se com o seu homólogo chinês Dong Jun, com quem manteve o primeiro diálogo ministerial de defesa entre os dois países em mais de um ano, uma conversa descrita como "positiva" por um porta-voz de Pequim.
Do Japão à Austrália, os Estados Unidos reforçam as suas relações de defesa na região e intensificam exercícios militares conjuntos.
Também enviam regularmente navios de guerra e caças para o Estreito de Taiwan e para o Mar da China Meridional, o que exaspera Pequim.
Em resposta ao discurso de Austin, o tenente-general chinês Jing Jianfeng acusou os EUA de tentar criar "uma versão da Otan para a Ásia-Pacífico a fim de manter sua hegemonia na região".
Os Estados Unidos representam "o maior desafio à paz e à estabilidade na região", declarou o alto comandante chinês neste sábado.
Os Estados Unidos procuram reforçar as suas alianças e parcerias na região Ásia-Pacífico, especialmente com as Filipinas, para contrariar o crescente poder e influência militar da China.
Austin defendeu que nos últimos três anos houve uma "nova convergência em torno de quase todos os aspectos da segurança" na região, onde há uma compreensão mútua do "poder das alianças".
- Retomada do diálogo -
O fórum de Singapura, que reúne líderes da Defesa de todo o mundo, começou uma semana depois que China iniciou grandes exercícios militares, durante os quais navios de guerra e aviões de combate cercaram Taiwan, sobre o qual Pequim considera parte de seu território.
A reunião de sexta-feira entre Austin e Dong Jun gerou esperanças de um diálogo militar contínuo que espera arrefecer as tensões.
Os Estados Unidos e a China retomarão as comunicações entre militares "nos próximos meses", disse Austin.
Pequim saudou a "estabilização" das relações de segurança entre os dois países.
"Eu disse ao ministro Dong que se ele me ligasse com um assunto urgente, eu atenderia o telefone", disse Austin neste sábado.
O chefe do Pentágono destacou o compromisso do seu país na região e lembrou que a região Ásia-Pacífico continua sendo "um teatro de operações prioritário".
"Os Estados Unidos só podem estar seguros se a Ásia estiver segura", afirmou.
Austin insistiu neste sábado que o compromisso dos Estados Unidos em defender as Filipinas sob o seu tratado de defesa mútua permanece "inabalável".
Os confrontos entre navios chineses e filipinos no Mar da China Meridional tornam-se mais frequentes e reacendem os receios de um conflito mais amplo.
* AFP