A contagem preliminar divulgada pelo Instituto Nacional Eleitoral (INE) do México, nesta segunda-feira (3), aponta a candidata governista Claudia Sheinbaum como vencedora das eleições presidenciais do país. Segundo o resultado prévio, ela tem uma votação que varia entre 58% e 60%. Com os números, se tornará a primeira mulher a assumir o cargo.
— Não vou falhar com vocês — disse Sheinbaum sorridente e emocionada, após a divulgação dos resultados. — É o reconhecimento do povo do México ao nosso projeto de nação — acrescentou enquanto seus seguidores comemoraram o resultado.
Ela afirmou, ainda, que não chega sozinha:
— Chegamos todas, com as nossas heroínas que nos deram uma pátria, com nossas antepassadas, nossas mães, nossas filhas e nossas netas.
Pouco depois, em um discurso na praça Zócalo, diante de adeptos, prometeu:
— Para o bem de todos, primeiro dos pobres — comprometendo-se a continuar o legado do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador.
Na projeção oficial, atrás de Sheinbaum , aparece a candidata de centro-direita Xóchitl Gálvez, cuja votação está entre 26% e 28%.
O ex-deputado Jorge Álvarez Máynez (centro) está em terceiro lugar, com 9,9% a 10,8% dos votos.
Este resultado é coerente com três pesquisas de boca de urna divulgadas logo após o término da votação. Os estudos foram autorizados pelo INE.
Sheinbaum, física de origem judaica e ex-prefeita da Cidade do México, entrou nas eleições gerais de domingo com ampla vantagem nas intenções de voto para governar até 2030 a 12ª maior economia do mundo e o maior país de língua espanhola, com 129 milhões de habitantes.
Na madrugada desta segunda-feira, a candidata de oposição, Xóchitl Gálvez, engenheira e empresária de origem indígena, reconheceu a vitória de Sheinbaum.
— Há poucos minutos entrei em contato com a doutora Claudia Sheinbaum para reconhecer os resultados da eleição — afirmou Gálvez, em discurso a apoiadores em um hotel na Cidade do México.
Mais cedo, ela havia apelado a seus seguidores para que monitorassem a contagem. "Os votos estão aí. Não vamos permitir que os escondam", escreveu na rede social X (antigo Twitter) antes da divulgação da projeção oficial. "Eles querem que você durma acreditando que eles ganharam. Eles mentem como sempre", acrescentou.
É um "dia histórico", havia descrevido Sheinbaum mais cedo. Ela alavancou o seu favoritismo na popularidade generalizada de López Obrador, o seu padrinho político.
Outro candidato assassinado
As eleições deste ano foram marcadas pela violência. Cerca de 30 candidatos foram assassinados, segundo a ONG Data Cívica. A vítima mais recente foi um candidato a um cargo local no Estado de Michoacán, morto a tiros horas antes da abertura das urnas, conforme informou a promotoria regional.
Duas pessoas também morreram no domingo durante incidentes armados ligados ao roubo de materiais eleitorais no Estado de Puebla, segundo uma fonte do governo local.
Cerca de 450 mil pessoas foram assassinadas no México e dezenas de milhares estão desaparecidas desde 2006, quando o governo incluiu os militares na luta contra as máfias.
Quase 100 milhões de eleitores foram chamados a votar nesta eleição de turno único. No México, não há reeleição presidencial nem voto obrigatório.
Com cerca de 20 mil cargos em disputa, incluindo o Congresso bicameral e nove dos 32 governadores, foram as maiores eleições da história do país.
Desafios
Os seguidores de Sheinbaum acreditam que ela dará continuidade aos programas de López Obrador, destacam sua eficiência como prefeita da Cidade do México (2018-2023) e a veem como uma "inspiração" neste país com altos índices de violência de gênero, onde cerca de 10 mulheres são assassinadas diariamente, entre feminicídios e homicídios dolosos, segundo a ONU Mulheres.
A expansão do crime organizado "é o problema mais intimidante" que Sheinbaum terá de enfrentar, de acordo com o pesquisador Michael Shifter, do centro de análise Diálogo Interamericano, com sede em Washington. Terá também o desafio de manter os programas sociais quando o déficit fiscal subiu a 5,9% e o crescimento médio nos últimos seis anos foi de apenas 0,8%.
Outro desafio será a relação com os Estados Unidos, destino de 80% das exportações mexicanas, especialmente se Donald Trump voltar ao poder, alertou Shifter. Trump ameaçou deportações em massa de migrantes que cruzassem os quase 3,2 mil km da fronteira binacional. Além disso, em 2026, os dois países e o Canadá deverão renegociar o seu acordo comercial T-MEC.