Após o mau desempenho do presidente Joe Biden no primeiro debate com Donald Trump abrir uma crise no Partido Democrata, estrategistas e formadores de opinião debatem se é hora de trocar o candidato. Líderes da legenda saíram em defesa o presidente nesta sexta-feira (28), rejeitando pedidos para que ele se afaste da campanha. Ele ganhou o apoio do antecessor, Barack Obama, que lembrou ter "perdido" um debate para Mitt Romney na sua campanha vitoriosa de 2012.
O próprio presidente buscou reverter a imagem de fragilidade com um discurso vigoroso na Carolina do Norte, em que prometeu não desistir da reeleição. O debate entre os candidatos ocorreu na quarta-feira (26) e foi marcado por momentos de silêncio e falas confusas de Biden, enquanto Donald Trump aproveitou o espaço para disparar uma série de dados de difícil checagem.
Em defesa do candidato democrata, o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama escreveu uma mensagem em seu perfil no X (antigo Twitter). No texto, ele diz que "há muita coisa em jogo".
"Noites de debate ruins acontecem. Confie em mim, eu sei. Mas esta eleição ainda é uma escolha entre alguém que lutou pelas pessoas comuns durante toda a sua vida e alguém que só se preocupa consigo mesmo. Entre alguém que fala a verdade; que distingue o certo do errado e a transmitirá diretamente ao povo americano - e alguém que mente descaradamente para seu próprio benefício. A noite passada não mudou isso, e é por isso que há tanta coisa em jogo em novembro", escreveu.
Em comício, Biden rebate questionamentos
Falando com uma multidão em Raleigh, na Carolina do Norte, Biden, 81 anos, reconheceu não debater mais como costumava e confrontou os questionamento sobre sua idade.
— Sei que não sou um homem jovem, para dizer o óbvio. Não falo tão fluentemente quanto antes. Mas sei o que sei. Sei como dizer a verdade. Sei o que é certo e o que é errado. E sei como fazer esse trabalho — disse.
A performance no comício de Biden contrastou com o alarme expressado na mídia e entre estrategistas políticos, mesmo por alguns dos mais antigos apoiadores de Biden, imediatamente após o debate de quinta-feira à noite. Joe Scarborough, o apresentador da MSNBC e um forte defensor do presidente, disse que as perguntas sobre sua capacidade de concorrer agora eram inevitáveis. A ansiedade começou minutos após o início do debate, quando Biden parecia divagar no confronto com Trump, de 78 anos.
Michael Tyler, diretor de comunicações da campanha de Biden, disse que não houve conversa interna sobre sua substituição na chapa "de forma alguma". Os comentários seguiram esforços de oficiais da campanha para tranquilizar doadores e arrecadadores.
Mesmo com os líderes democratas prometendo confiança em Biden, especialistas e estrategistas políticos expressaram abertamente dúvidas sobre sua capacidade de levar a eleição até o fim. Em alguns casos, pediram que Biden abrisse caminho para um novo indicado. A única maneira de os democratas substituírem Biden é ele desistindo da corrida e entregando os delegados prometidos a ele. Neste ponto, sua substituição seria decidida no plenário da Convenção Nacional Democrata, em agosto.
Todos os delegados de Biden se tornariam "não comprometidos". A convenção poderia se tornar uma campanha em si. A vice-presidente Kamala Harris não seria a indicada automaticamente, mas seu status a torna uma candidata viável, especialmente se Biden declarar apoio a ela.
O Partido Democrata tem uma série de estrelas políticas, incluindo o governador da Califórnia, Gavin Newsom, e a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer. Todos têm sido apoiadores de Biden.
A Constituição americana não permite mais de dois mandatos para presidente, consecutivos ou não. Obama não poderia tentar se candidatar novamente e, se vencer, Trump, de acordo com as regras atuais, não pode tentar a reeleição em 2028.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.